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    Eliane Cantanhêde

    'Ambiente de pessimismo'

    18/07/2013 03h30

    BRASÍLIA - Enquanto a presidente Dilma Rousseff insistia no natimorto plebiscito para a reforma política, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, dava entrevista a Fernando Rodrigues, da Folha, defendendo o fim de 14 ministérios.

    Parece briga de marido e mulher, mas é disputa entre Poderes e entre partidos aliados, com troca de provocações cada vez mais escancaradas.

    Dilma e o ministro Gilberto Carvalho insistem "teimosamente" na estratégia marqueteira de dizer que o governo quer dar voz ao povo, mas o Congresso, esse malvado, não deixa.

    Henrique Alves dá o troco. Vocaliza a pressão geral e o pedido formal do PMDB por uma reforma ministerial drástica, em nome da "redução de custos e da austeridade". A presidente, teimosa, e o governo, esse fraco, é que não têm coragem de fazer.

    Convenhamos: nem Dilma está tão desesperada pelo plebiscito nem o nosso PMDB cansado de guerra (e cheio de cargos) parece tão preocupado com a moralidade pública e o corte de ministérios. Ambos apenas dizem o que a população quer ouvir e se esforçam em jogar a culpa um no outro por não dar certo.

    O que se vê é Dilma e o Congresso testando forças, num momento de enorme fragilidade mútua e com o PT nitidamente dividido: um PT apoia o governo, o outro PT se alia ao PMDB contra o governo.

    Dilma despenca nas pesquisas, fazendo um esforço enorme para mostrar que tudo está ótimo e atribuindo as críticas (à economia e à gestão) a quem quer criar um "ambiente de pessimismo". Já Henrique deixa claro o grau de compromisso e de lealdade ao Planalto e ao projeto Dilma: entre o governo e o Congresso, ele fica com o Congresso (e com o futuro).

    O clima, portanto, é de guerra, mas de uma guerra interna no próprio governo e nos partidos governistas. E quem criou e alimenta o pessimismo não foram e não são os adversários. Foram e são a própria Dilma, o seu governo, a sucessão de erros e sua balofa base (não tão) aliada.

    eliane cantanhêde

    Escreveu até novembro de 2014

    Jornalista, foi colunista da Página 2 da versão impressa da Folha. É também comentarista do telejornal "GloboNews em Pauta" e da Rádio Metrópole da Bahia.

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