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    Eliane Cantanhêde

    Nem explicam nem justificam

    18/04/2014 03h30

    BRASÍLIA - Cada um trata de salvar a própria pele na operação no mínimo desastrada, ou temerária, da compra da refinaria de Pasadena.

    Tudo começa com Dilma Rousseff empurrando a culpa para a direção da Petrobras à época em que ela era chefe da Casa Civil e presidia o Conselho de Administração da empresa. Sim, assinou, mas só o fez porque recebeu informações incompletas de um parecer falho. Se soubesse da coisa toda, não teria aprovado.

    O então presidente da companhia, José Sérgio Gabrielli, defendeu-se insistindo que Pasadena foi um bom negócio (mesmo com remuneração incondicional de 6,9% do sócio?), deixou de ser e agora é de novo.

    Sua sucessora, Graça Foster, tentou equilibrar-se entre as versões, mas é claro que fez a opção conveniente: respaldou a versão de Dilma e entregou Gabrielli à própria sorte. Segundo Foster, Dilma não teve mesmo acesso ao estudo completo e –contrariando o que defende o antecessor– admitiu o óbvio: o negócio, de bom, não teve nada.

    Chegado o depoimento de Nestor Cerveró, responsável pelo parecer acusado pela presidente da República de falho, incompleto e indutor do erro, o que se viu?

    O homem bomba virou um traque, medindo palavras para ficar bem com todo mundo, especialmente, claro, com a presidente da República. Realmente, Dilma não teve as informações completas, mas nem precisava, porque contratos internacionais são assim mesmo, cheios de cláusulas perversas, ensinou a oposicionistas frustrados e a governistas aliviados. Ah, bom.

    Só falta Paulo Roberto Costa, que foi diretor da Petrobras, tem altos negócios com o doleiro Alberto Youssef e está preso. O que esses dois farão? Farão como os demais: tudo para livrar a própria cara.

    Ninguém explica o que interessa: a perda de meio bilhão de dólares com Pasadena nem o buraco de perdas e dívidas em que a Petrobras se meteu. Ou melhor, foi metida.

    eliane cantanhêde

    Escreveu até novembro de 2014

    Jornalista, foi colunista da Página 2 da versão impressa da Folha. É também comentarista do telejornal "GloboNews em Pauta" e da Rádio Metrópole da Bahia.

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