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    Eliane Cantanhêde

    "Padrão Felipão"

    10/07/2014 02h00

    BRASÍLIA - Da presidente e candidata Dilma Rousseff, tentando cutucar a Fifa depois dos 3 a 0 do Brasil sobre a Espanha e a vitória na Copa das Confederações: "Meu governo é padrão Felipão".

    E agora, depois dos 7 a 1 e o fim do sonho do hexa em pleno solo brasileiro? Dilma continua dando entrevistas sobre a Copa e, se já não comparava o padrão do seu governo ao da malfalada Fifa, não pode mais compará-lo ao do Felipão. Mas não vai faltar quem faça a comparação...

    Política é curiosa, vai e vem, vem e vai, sempre sujeita aos humores da grande e difusa massa de eleitores. Dilma ganhou quatro pontos com a Copa, mas tende a estacionar agora.

    O que ocorreria com a candidata Dilma se o Brasil fosse campeão e a presidente Dilma entregasse a taça para o capitão Thiago Silva? Imagem fortíssima, de imensa simbologia.

    Mas o que ocorrerá com a candidata Dilma se a Argentina for campeã e a presidente Dilma for obrigada a entregar a taça para o capitão Messi em pleno Maracanã? Imagem igualmente fortíssima, de imensa simbologia, mas em sentido oposto.

    Já que foi a própria Dilma quem fez o casamento entre o seu governo e o "padrão Felipão", estão unidos na alegria e na tristeza. Já que ela certamente tiraria louros político-eleitorais se a taça fosse nossa, a premissa contrária é igualmente verdadeira: tem agora de dividir os prejuízos da derrota vexaminosa.

    Com crescimento medíocre e indicadores destrambelhados, é óbvio que a oposição, em algum momento, mais ou menos subliminarmente, vai colar a tática, a estratégia e a preparação do governo ao "padrão Felipão". Sobretudo na economia.

    Eleição, porém, não é campeonato de futebol entre PT e PSDB. Se FHC dizia que a vitória do Brasil não impediria derrota de Dilma, a premissa contrária vale igualmente para ele: a derrota do Brasil também não impedirá a vitória da petista.

    A Copa acabou para o Brasil, mas a eleição está apenas começando.

    eliane cantanhêde

    Escreveu até novembro de 2014

    Jornalista, foi colunista da Página 2 da versão impressa da Folha. É também comentarista do telejornal "GloboNews em Pauta" e da Rádio Metrópole da Bahia.

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