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    Eliane Cantanhêde

    Bater ou não bater?

    26/08/2014 02h00

    BRASÍLIA - Os programas na TV mostram Dona Nalvinha de dentes novos, humanizam Dilma e colorem Aécio como estadista e Marina como salvadora da pátria. Mas tudo muda nos debates, a partir de hoje.

    A discussão é quem, como e onde vai bater primeiro na intrusa Marina, que chegou atrasada, por uma fatalidade, e já bagunçando o coreto. Dilmistas e aecistas estão loucos para bater, mas morrem de medo.

    Marina, com seus 50 quilos, alimentação de passarinho e um prontuário recheado de doenças nativas, está emergindo da perplexidade geral e da dor particular com a morte de Eduardo Campos. Como bater numa figura frágil assim?

    Ocorre que Dilma e Aécio não têm como fugir disso. Marina é competitiva, uma incógnita fantástica e um fantasma para a polaridade PT-PSDB. Se os dois antes favoritos lavarem as mãos, correm o risco de acordar com Marina disparada. Se bater, o bicho pega; se não, o bicho come.

    Dilma vai desviar as baterias de Aécio para Marina, hoje a ameaça principal. Com a economia crescendo 7,5%, Serra tinha em torno de 30% em agosto de 2010. Com crescimento menor que 1%, Aécio só chega a 20% no mesmo mês da campanha. Ou seja: ele se enclausurou nos votos tucanos. É bobagem Dilma bater aí, porque são votos que não vão para ela e para o PT de jeito nenhum.

    Aécio vai ter de bater no mau governo de Dilma e nos desmandos do PT, mas sem deixar Marina correndo solta rumo ao segundo turno. E Marina pode bater em quem quiser, mas o problema dela não é só mostrar o que há de ruim nos outros, mas o que há de bom nela além dos sonhos.

    Até aqui, Dilma e Aécio questionam a capacidade executiva de Marina e a ausência de quadros suficientes do PSB e da Rede, tanto para compor um eventual governo quanto para cumprir a promessa de combater a síndrome do vitorioso no Brasil: a dependência do que há de pior na política para ter maioria no Congresso.

    Bom debate!

    eliane cantanhêde

    Escreveu até novembro de 2014

    Jornalista, foi colunista da Página 2 da versão impressa da Folha. É também comentarista do telejornal "GloboNews em Pauta" e da Rádio Metrópole da Bahia.

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