• Colunistas

    Sunday, 05-May-2024 04:44:21 -03
    Eliane Cantanhêde

    O novo mensalão

    07/09/2014 02h00

    BRASÍLIA - Se a Petrobras entrou na eleição de 2010 para aniquilar as chances do PSDB, ela já entrava na de 2014 para enfraquecer a posição do PT e se torna agora um canhão contra o governo e os governistas.

    O ex-diretor da empresa Paulo Roberto Costa, que sabe das coisas, aproximou-se do PT, mas está longe de ser um quadro do partido como Delúbio Soares, que aguentou o tranco e foi para o abatedouro sem entregar o resto da boiada.

    Com a delação premiada, o ex-diretor deixou claro que sua prioridade é salvar o que for possível da própria pele. Joga uma profusão de nomes e siglas nas páginas da Justiça e nos ares da eleição. Aliás, já que falamos de Delúbio, uma peça-chave nas denúncias é o novo tesoureiro do PT. Está um salve-se quem puder.

    Na reta final da campanha, com Marina Silva na cola de Dilma Rousseff e ameaçando o seu antigo partido, o PT. Haja coração! Lula que o diga. Se está complicado para Dilma, seu primeiro poste, e péssimo para Alexandre Padilha, sua derradeira tentativa de poste, pode ficar pior. Tende a chegar no coração do PT e é improvável que Lula passe incólume.

    Se a Petrobras já era um campo minado para a imagem de gestora de Dilma, as novas histórias que saem da boca de Paulo Roberto explodem num outro campo muito delicado para os governos do PT: o da ética. Certo ou errado, o fato é que o mensalão, o deputado amigão do doleiro, o vereador aliado ao PCC e as peripécias dos aliados minaram a aura e o discurso petista construídos em décadas. Cada coisa nova só reforça a sensação que se generalizou. E a "coisa", desta vez, é cabeluda.

    O único e frágil alívio para Lula, Dilma e o PT é que a citação a Eduardo Campos embaralha as cartas e deixa Marina sem artilharia para atacar, sobretudo depois da história mal contada do avião da campanha do PSB. É difícil reverter o quadro crítico para Aécio Neves, mas, no mínimo, o tucano deve estar pensando: quem ri por último ri melhor.

    eliane cantanhêde

    Escreveu até novembro de 2014

    Jornalista, foi colunista da Página 2 da versão impressa da Folha. É também comentarista do telejornal "GloboNews em Pauta" e da Rádio Metrópole da Bahia.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024