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    Elio Gaspari

    Ministro quer socorrer bilionários da saúde com dinheiro do andar de baixo

    12/03/2017 02h00

    Alan Marques/Folhapress
    Ministro Ricardo Barros fala sobre nova campanha de combate ao mosquito Aedes aegypti (transmissor de dengue, zika e chikungunya)
    O ministro da saúde do governo Temer, Ricardo Barros

    O deputado Ricardo Barros é aquele engenheiro que o ministro Eliseu Padilha mencionou como o "notável" do Partido Popular que substituiu o médico Raul Cutait durante o processo de escolha do ministro da Saúde de Michel Temer. O maior doador de sua campanha eleitoral, com um cheque pessoal de R$ 100 mil, foi o empresário Elon Gomes de Almeida, dono do plano de saúde Aliança.

    Barros entrou atirando. Criticou a amplitude do SUS e disse que estimularia a adesão de novos fregueses aos planos de saúde privados. Disse isso numa época em que há grandes planos de saúde quebrados, outros na fila e todos sofrendo um dreno de 1,5 milhão de fregueses, 192 mil só em janeiro passado.

    Para resolver o problema dos planos, e só deles, Barros lançou a ideia de um plano popular no qual os clientes fingem que pagam e os maganos fingem que atendem. Um sistema de medicina privada que produz bilionários (em dólar) está precisando de dinheiro e quer buscá-lo no fundo do tacho do andar de baixo. É o populismo alternativo. Com a novidade, será mais fácil aumentar as mensalidades, mais difícil marcar uma consulta e até impossível ter acesso a procedimentos mais complexos. Se os planos caros atendem mal, é fácil imaginar o mafuá que Barros produzirá.

    A ideia de Barros pode ter todos os defeitos, menos um: ninguém será obrigado a aderir a essa mágica. Vai quem quer, e quem for, que arroste.

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    elio gaspari

    Nascido na Itália, veio ainda criança para o Brasil, onde fez sua carreira jornalística. Recebeu o prêmio de melhor ensaio da ABL em 2003 por 'As Ilusões Armadas'. Escreve às quartas-feiras e domingos.

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