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    Elio Gaspari

    Supremo dá aviso prévio em decisão sobre governadores

    07/05/2017 02h00

    A decisão do Supremo, facilitando a degola de governadores pelo Superior Tribunal de Justiça, botou alguns governadores na carroça que leva maganos à guilhotina. O mineiro Fernando Pimentel é o primeiro da fila. Atrás dele vem Marcelo Miranda, de Tocantins.

    Em terceiro lugar, atropelando, está o governador Pezão, com a desgraça do Rio de Janeiro.

    Já começaram as sondagens para a dispensa de Pezão. No lance o vice Francisco Dornelles renuncia, o presidente da Assembleia, Jorge Picciani, sai da frente e realizam-se eleições em 90 dias.

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    TOGA JUSTA

    A decisão do ministro Edson Fachin de jogar o julgamento do habeas corpus do comissário Antonio Palocci para os 11 ministros do Supremo Tribunal criou uma toga justa no excelso pretório.

    Pelo menos três ministros acharam que ele fez uma gambiarra canhestra, pois sofreria uma nova derrota na Segunda Turma, onde os votos de Gilmar Mendes, Dias Toffoli e Lewandowski abriram uma política de celas limpas na Lava Jato. Olhada por outro prisma, Edson Fachin propôs a melhoria da qualidade do julgamento, aumentando o número de cabeças responsáveis pela sentença.

    Num colegiado onde a soma dos egos ultrapassa a dimensão do universo, entrou-se num parafuso. A defesa de Palocci apresentou um recurso junto à Segunda Turma propondo a derrubada da iniciativa de Fachin, e lá ele está em minoria. Se a trinca que formou a maioria derrubar a proposta, radicaliza-se o clima de feijoada que se instalou no tribunal.

    Nesse clima, só a entrada de um mágico salvará a harmonia do colegiado.

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    ANIMADOR

    É sabido que a função de ministro da Fazenda é cumulativa com a de animador econômico. Nenhum desses hierarcas passou pela cumulatividade com a elegância de Pedro Malan.

    O ministro Henrique Meirelles deveria levar para casa uma coleção de vídeos de Malan. Mesmo sendo impossível copiar-lhe a estampa, poderia tentar copiar-lhe o estilo.

    No seu desempenho como animador, Meirelles poderia evitar frases com pegadinhas retóricas. Por exemplo: O projeto da reforma da Previdência "não pode ser fundamentalmente alterado".

    Falta definir "fundamentalmente".

    De uma maneira geral sempre que um magano usa a palavra "fundamental", não quer dizer nada.

    Pedro Ladeira/Folhapress
    BRASILIA, DF, BRASIL, 14-03-2017, 15h00: O MInistro da Fazenda Henrique Meirelles durante apresentação sobre a reforma da previdência para deputados da bancada do PSB. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress, PODER)
    O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles

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    CAUTELA

    Lição atribuída ao banqueiro Walther Moreira Salles, o criador do Unibanco, poço de esperteza e sabedoria: "Convém que você tenha sempre três advogados. Um vigia o outro".

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    COMUNICA$$ÃO

    Aqui e ali ouve-se que o governo tem um problema de comunicação na defesa do seu projeto de reforma da Previdência.

    Caso raro de um problema que decorre de uma falsa solução. Os çábios do Planalto acharam que torrando dezenas de milhões de reais em publicidade, os defensores da reforma estariam dispensados de ralar, botando a cara na vitrine na defesa de suas propostas em reuniões e em debates públicos.

    É compreensível que parlamentares (e ministros) queiram ficar no escurinho do plenário, mas não é justo que paguem seu silêncio com o dinheiro do contribuinte.

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    Leia outros textos da coluna deste domingo (7):

    elio gaspari

    Nascido na Itália, veio ainda criança para o Brasil, onde fez sua carreira jornalística. Recebeu o prêmio de melhor ensaio da ABL em 2003 por 'As Ilusões Armadas'. Escreve às quartas-feiras e domingos.

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