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    Elio Gaspari

    Lula fritou-se lidando com a história do Brasil em depoimento ao juiz Moro

    14/05/2017 02h24

    Se Lula contou direito sua própria história ao juiz Moro, não se sabe. Lidando com História do país que governou e pretende voltar a governar, é certo que fritou-se.

    A certa altura, ele informou que decidiu colocar o nome de personalidades históricas nos navios da Petrobrás. Assim, homenageou o historiador Sergio Buarque de Holanda e o "marechal negro, Antonio Cândido".

    Aos 98 anos, o professor Antonio Candido, que foi um dos fundadores do PT, estava vivo em São Paulo e morreu na sexta-feira. Existe um personagem histórico com nome parecido, é o marinheiro João Cândido, líder da revolta da Chibata, de 1910. Ele é conhecido como o "Almirante Negro".

    É improvável que Marisa Letícia chamasse o professor Antonio Candido de marechal.

    Reprodução/Video
    Parte de trás, da esquerda para a direita: René Ariel Dotti, advogado da Petrobras (a empresa é assistente de acusação), Roberto Teixeira e Valeska Teixeira Martins (advogados de Lula)À frente: Cristiano Zanin Martins (advogado de Lula), Luiz Inácio Lula da SilvaÀ direita, de cima para baixo: Carlos Fernando Lima (procurador), Júlio Noronha (procurador), Roberto Pozzobon (procurador), Sergio Moro e servidora (não identificada)
    O ex-presidente Lula depõe ao juiz Sergio Moro em Curitiba

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    O AEROLULA 2.0

    Pode-se discutir se o apartamento do Guarujá era da família Silva ou se o seu chefe sabia das roubalheiras dos comissários do PT. A chegada de Lula a Curitiba e sua partida falam mais que mil palavras.

    Havendo rotas regulares de voos para a cidade, Lula chegou e partiu no jatinho da empresa de Walfrido Mares Guia, ministro do Turismo e secretário de Relações Institucionais no seu governo. Ele fez fortuna
    pessoal no setor de educação.

    O doutor Mares Guias teve uma militância ecumênica, pois estivera na posição de vice-governador de Minas Gerais ao tempo do tucano Eduardo Azeredo. Ele enrolou-se no caso do mensalão tucano, ou mensalão mineiro, e uma desavença de donas de boutiques acabou disparando o mensalão petista. Mares Guia salvou-se porque completou 70 anos e seus crimes prescreveram.

    A falecida Marisa Letícia nada teve a ver com o uso do jatinho do amigo.

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    O CRISTO DE LULA

    No meio das "tralhas" que Lula trouxe de Brasília e estão retidas pelo juiz Sergio Moro, há um Cristo Crucificado de 1m10cm que em 2003 ele colocou numa pilastra de seu gabinete.

    Lula e Moro poderiam se acertar, liberando o Nazareno. Trata-se de uma peça espanhola do século 16 que estava em mau estado quando foi dada de presente a Lula, e ele providenciou o restauro pelo Centro de Conservação da Federal de Minas Gerais. Vale em torno de R$ 150 mil.

    Numa conversa com o cardeal José Freire Falcão, Lula disse-lhe que doaria o Cristo à Arquidiocese de Brasília. É só entregá-lo.

    Em tempo: Marisa Letícia nunca foi dona dessa imagem.

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    O CABO E O DUQUE

    Para a crônica das condecorações do príncipe Philip e da sua mania de fazer piada com as medalhas alheias:

    Não teria sido um almirante argentino quem devolveu um comentário grosseiro do duque de Edimburgo, mas um brasileiro, o almirante Heitor Lopes de Souza. Ele comandava o corpo de Fuzileiros Navais em 1968, quando a rainha e seu marido vieram ao Brasil.

    Dois anos depois, ele contou o caso ao seu amigo Luis Fernando Freire. Philip disse-lhe que com tantas condecorações no uniforme, deveria ter combatido em muitas guerras, ao que Heitor respondeu: "Não, mas estas medalhas eu não as ganhei na cama".

    Muitas serão as versões dessa piada, mas uma coisa é certa, o almirante não tinha papas na língua. Seu apelido era "Cabo Heitor".

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    Leia outros textos da coluna deste domingo (14):

    elio gaspari

    Nascido na Itália, veio ainda criança para o Brasil, onde fez sua carreira jornalística. Recebeu o prêmio de melhor ensaio da ABL em 2003 por 'As Ilusões Armadas'. Escreve às quartas-feiras e domingos.

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