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    Elio Gaspari

    Além de Joesley, Aécio pediu doação a pelo menos dois filantropos

    02/07/2017 02h00

    BOLSA AÉCIO

    Joesley Batista não foi o único endinheirado a quem Aécio Neves pediu R$ 2 milhões para custear suas despesas com advogados. O grão-tucano pediu a doação a pelo menos dois outros filantropos.

    Alan Marques - 4.out.2016/Folhapress
    BRASÍLIA, DF, BRASIL, 04.10.2016. O senador Aécio Neves almoça com os senadores do PSDB, no 14 andar do Senado, para comemorar o resultado do primeiro turno das eleições municipais e definir a ação do PSDB no projeto de reforma política elaborado pelo partido (FOTO Alan Marques/ Folhapress) PODER
    O senador Aécio Neves (PSDB-MG)

    DODGE E BRASÍLIA

    Raquel Dodge chega à Procuradoria-Geral da República com duas marcas na biografia. Uma decorreu de sua atividade profissional. Dodge tem mestrado em direito pela Harvard Law School. Pela escola passaram Barack e Michelle Obama, cinco dos nove juízes da atual Suprema Corte e o inesquecível Antonin Scalia.

    A outra marca veio da conduta alheia. Na noite anterior à indicação da doutora, o presidente da República (denunciado pela PGR por corrupção) jantou na casa do ministro Gilmar Mendes (o procurador-geral pediu seu impedimento em processos relacionados ao empresário Eike Batista) acompanhado pelos ministros Moreira Franco e Eliseu Padilha (ambos respondendo a inquérito aberto pelo Supremo Tribunal Federal).

    A RODA DE MILLER

    A ministra Cármen Lúcia manteve a validade do acordo de colaboração que o procurador Rodrigo Janot fechou com os irmãos Joesley e Wesley Batista.

    Apesar disso, dificilmente ela terá digerido a porta giratória que levou o procurador Marcelo Miller a migrar para o escritório Trench, Rossi e Watanabe, que negociava o acordo de leniência da JBS.

    O doutor Janot defendeu o voo de Miller, mas quer afastar o ministro Gilmar Mendes dos processos que envolvem o empresário Eike Batista, porque a mulher do ministro é sócia do escritório que o defende na área cível.

    DODGE E HARVARD

    Em maio de 2006, o Estado de São Paulo foi aterrorizado pelo Primeiro Comando da Capital. Ele organizou revoltas em 83 prisões, atacou 274 delegacias, escolas e ônibus, vangloriando-se de ter matado 39 policiais. Em resposta, a polícia matou cem pessoas em apenas cinco dias.

    Meses depois, o professor James Cavallaro, um veterano batalhador dos direitos humanos da faculdade de Direito de Harvard e a procuradora brasileira Raquel Dodge, que buscava seu mestrado na escola, começaram a coordenar uma pesquisa para contar o que aconteceu. Juntaram pesquisadores americanos e brasileiros, entrevistaram dezenas de pessoas e, em maio de 2011, divulgaram o estudo "São Paulo sob Achaque: Corrupção, Crime Organizado e Violência Institucional em maio de 2006".

    No melhor estilo de uma grande universidade, a pesquisa revirou toda a história daqueles dias de terror. Raquel Dodge foi uma das três redatoras do texto final e uma das quatro coordenadoras do projeto. Felizmente, o relatório de 245 páginas está na rede.

    Vale transcrever um trecho:

    "Os crimes de maio revelaram um Estado que:
    - Falhou ao permitir uma corrupção que fortaleceu uma facção criminosa;
    - Falhou ao gerir seu sistema prisional realizando acordos com facções criminosas;
    - Falhou ao não proteger seus agentes públicos;
    - Falhou ao optar por um revide como resposta;
    - Falhou ao acobertar os Crimes de Maio ou investigá-los de forma corporativista e
    - Falhou ao apostar novamente na expansão do sistema prisional como solução."

    Michel Temer foi secretário de Segurança de SP de 1984 a 1986 e voltou ao cargo em 1992 e 1993.

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    Leia outros textos da coluna deste domingo (2):

    elio gaspari

    Nascido na Itália, veio ainda criança para o Brasil, onde fez sua carreira jornalística. Recebeu o prêmio de melhor ensaio da ABL em 2003 por 'As Ilusões Armadas'. Escreve às quartas-feiras e domingos.

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