• Colunistas

    Tuesday, 21-May-2024 18:09:23 -03
    Fábio Seixas

    Rio e Le Mans

    21/06/2012 03h00

    O mais viajandão poderia enxergar algum simbolismo no fato de o jantar de abertura da Rio+20 ter acontecido na Arena da Barra, onde, um dia, existiu um autódromo.

    Uma vitória do verde, mais um golpe contra os combustíveis fósseis, um claro sinal dos novos tempos, blá-blá-blá.

    Neste caso específico, balela. O motivo foi bem menos nobre, para não dizer podre.
    (E um novo circuito deve ser construído no Rio, diga-se, destruindo inclusive um pedaço de Mata Atlântica.)

    No âmbito das discussões, o mesmo. Tirando uma ou outra iniciativa isolada, a indústria automotiva passou ao largo da conferência da ONU. Ciente da função de vidraça, preferiu o papel da omissão.

    Nesse universo, o esporte a motor assume ares de demônio. Com certa razão, não há como negar: são veículos que passam horas queimando combustível para não levar ninguém a lugar nenhum, com o objetivo de divertir pessoas e vender mais veículos.

    Mas há esperanças.

    A Indy utiliza etanol desde 2007. Na F-1, o Kers é uma tecnologia limpa. E há planos para uso de motores menores, V6, a partir da temporada de 2014.

    Nos EUA, já existe até uma liga para veículos elétricos, com três categorias. Por aqui, há tempos, campeonatos regionais correm empurrados pelo álcool.

    Mas o maior exemplo de que há uma saída veio no final de semana, em Le Mans.

    A Audi conquistou a mais tradicional prova do endurance com um modelo híbrido --aliás, fez dobradinha. O modelo e-tron é equipado com um motor a diesel, conectado ao eixo traseiro, e um elétrico, ligado às rodas dianteiras e que é carregado num sistema parecido com o Kers.

    Pelo mundo, não foram poucos os jornais que anunciaram o resultado como um triunfo da tecnologia verde.

    Quem sabe daqui a uns anos, na Rio+40, o automobilismo não dá as caras?

    Como exemplo de que algo pode ser feito. Talvez não como anjo, mas também não como demônio.

    PRESENTE

    Massa diz que adotou uma direção diferente da usada por Alonso no acerto do carro e que, assim, está se sentindo mais confortável. Já a McLaren afirma que resolveu os problemas que vinham prejudicando o desempenho de Button. Veremos no final de semana, em Valencia. O retorno dos dois seria uma ótima notícia para um campeonato já tão equilibrado.

    FUTURO

    É difícil dizer "nunca vai acontecer" na F-1, mas as declarações de Domenicali e Ecclestone sobre uma eventual dupla Alonso-Vettel na Ferrari têm jeito de estratégia para criar assunto onde não há. O inglês, aliás, adora esse tipo de factoide. Uma coisa é os dois campeões terem um relacionamento cordial. Outra é dividirem as atenções de uma mesma equipe.

    fábio seixas

    Escreveu até junho de 2016

    É jornalista com mestrado em Administração Esportiva pela London Metropolitan University, da Inglaterra.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024