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    Fábio Seixas

    Ah, se eu fosse alemão...

    25/10/2013 03h00

    "Houve mais três dias de testes, com um total de 18 pilotos indo à pista --entre eles Pizzonia, Zonta, Kanaan e Di Grassi, o que já valeria outra coluna."

    Valeria. Vale. A desta semana pega carona num trecho da semana passada.

    O tema na última sexta-feira foi Vettel. Em Suzuka, após vencer pela nona vez no ano, o alemão confessou que se borrou todo na primeira vez em que pilotou um F-1.

    Foi em Jerez, em 27 de setembro de 2005, com uma Williams --um oferecimento da BMW.

    Vettel era só mais um piloto premiado com um teste, após o título de estreante do ano na F-3 europeia. Os brasileiros, todos eles, eram àquela altura mais gabaritados para uma vaga na F-1.

    Oito anos depois, aquele moleque é tetracampeão mundial --alguém duvida?

    Nenhum dos brasileiros se firmou por lá.

    Zonta foi o que mais teve chances. Passou por BAR, Jordan e Toyota. Disputou 36 GPs, conseguiu três sextos lugares e só. Hoje, está na Stock.

    Pizzonia fez 20 GPs por Jaguar e Williams. Foi sétimo colocado quatro vezes. Neste ano, fez uma prova no Mundial de Endurance e cinco na GrandAm.

    Di Grassi, terceiro na F-3 naquele ano, atrás de Hamilton e Sutil e duas posições à frente de Vettel, só chegaria à F-1 em 2010. Correu 18 GPs por Virgin, seu melhor resultado foi um 14º lugar.

    Kanaan já tinha 30 anos e um título na Indy quando pilotou um F-1 pela primeira --e até hoje única-- vez. É claro que ainda sonhava com a categoria. Mas aquele dia com a BAR não passou de um prêmio pelos serviços prestados à Honda nos EUA. Dias depois, ele estava de volta à rotina, correndo no superoval de Fontana.

    Por que Vettel virou o que virou e os brasileiros, não só estes, mas todos os que passaram por lá, não emplacaram?

    Há algumas respostas.

    A primeira está no alemão. Ele é um fenômeno. Não dá para culpar os outros.

    A segunda está no lado brasileiro. Reflexo direto da leniência da Confederação Brasileira de Automobilismo, cada ano menos pilotos brasileiros chegam à Europa para correr de alguma coisa. Poucos conseguem ficar por lá. E os raríssimos que passam pelo funil da F-1 não têm patrocinadores que os banquem por mais de uma temporada --quem não é fenômeno precisa ao menos de alguma estabilidade para mostrar que merece estar ali.

    Pizzonia, Zonta, Kanaan e Di Grassi assistirão ao quarto título de Vettel pela televisão. E terão toda a razão de pensar: "Ah, se eu fosse alemão..."

    (Isso vale também como exercício para todos aqueles que acham que o domínio de Vettel está chato.)

    fseixasf1@gmail.com

    fábio seixas

    Escreveu até junho de 2016

    É jornalista com mestrado em Administração Esportiva pela London Metropolitan University, da Inglaterra.

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