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    Fábio Seixas

    Quatro atos

    29/11/2013 03h00

    Arquibancadas menos empolgadas do que o normal, poucas situações a definir nos dois campeonatos, um certo clima de fim de festa.

    Mas é um erro subestimar o que aconteceu no GP Brasil.

    Interlagos foi palco de quatro despedidas, uma delas só revelada ontem, que ajudarão a moldar a F-1 de 2014 em diante.

    A primeira, que diz respeito justamente às arquibancadas. A já sabida transferência de Massa para a Williams.

    Para Interlagos, é importante. Do desempenho de Massa na Williams vai depender uma boa parcela do público do ano que vem. E embora as perspectivas de crescimento da equipe sejam promissoras, não será algo já para 2014.

    A segunda despedida tem a ver com esta. E é revelador que tenha sido marcada pela ausência. Raikkonen não é mais piloto da Lotus.

    Na falta do finlandês, a imagem marcante deste movimento foi a do instante em que o brasileiro deixou os boxes vermelhos pela última vez. A equipe perfilada, formando um corredor, aplaudindo-o.

    Ninguém disse isso, mas para este colunista o balãozinho sobre as cabeças dos mecânicos dizia: "Acabou a paz". Escrevi, há três semanas, sobre como deve ficar o ambiente ferrarista com a chegada de Raikkonen. Não por coincidência, a equipe ontem proibiu que Alonso use o Twitter. Um cala-boca, já imaginando o que vem pela frente. É...

    Houve ainda a despedida dos motores aspirados. A F-1 voltará a usar os turbo em 2014, após um hiato de 26 anos.

    A potência final não deve sofrer, ajudada pelo reaproveitamento de energia, algo que não existia quando os turbo urraram pela última vez. Mas todo o resto muda: o som, a dirigibilidade, o consumo de combustível.

    E, ontem, soubemos do último dos adeuses. A Mercedes confirmou que Brawn está deixando o time. Algo esperado, após a perda de espaço do inglês com os desembarques de Wolf e Lauda em Brackley.

    Sobre este movimento, uma conclusão e uma preocupação.

    A conclusão: a Mercedes errou. Errou feio. Trocar Brawn por quem quer que seja é arriscado. Por Wolff, novo no pedaço, e Lauda, um mau administrador contumaz, é quase um atestado de que tudo começará a dar errado em 2014.

    A preocupação: que Brawn vá para a FIA, como Todt tenta convencê-lo a fazer. Atrás de uma mesa, na place de la Concorde, o inglês será muito menos útil para o esporte do que no pitwall.

    Para a Williams ele não vai. Mas existe uma chance de ele se transferir para a Honda, que retornará à F-1 como fornecedora de motores em 2015. Não preciso dizer o ganho que isso traria para a McLaren, certo?

    O futuro já começou.

    fseixasf1@gmail.com

    fábio seixas

    Escreveu até junho de 2016

    É jornalista com mestrado em Administração Esportiva pela London Metropolitan University, da Inglaterra.

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