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    Fábio Seixas

    Será?

    31/01/2014 03h00

    Jerez, primeiro dia de testes. A Red Bull completa apenas três voltas. Começo de pré-temporada, mudanças radicais no regulamento, muitos acertos a fazer. Normal.

    No segundo dia, a pulga se alojou atrás da orelha. O alemão, tetracampeão mundial, completou só oito voltas com o carro da equipe tetracampeã dos Construtores. Estranho.

    No terceiro dia, ontem, o sinal de alerta foi acionado. O piloto foi outro, Ricciardo. O resultado foi o mesmo da abertura dos testes: três voltas. O roteiro, dramático.

    Na primeira saída, demoradas três horas após o sinal verde no pit lane, o carro parou na curva 7, envolto em fumaça. O australiano frustrado, balançando a cabeça. Uma hora depois ele voltou à pista. Completou as tais três voltas e recolheu. Para não mais voltar.

    Newey e Horner deixaram o autódromo com semblantes preocupados, sem falar com a imprensa. No primeiro dia, a alegação foi de uma peça mal encaixada. No segundo, uma questão elétrica. Ontem, sabe-se lá.

    Será?

    É esta a pergunta que a F-1 se faz agora.

    Será que a Red Bull errou a mão no carro? Será que Newey deixou escapar algo? Será que sua hegemonia começa a ruir? Será que teremos uma F-1 diferente em 2014? Será?

    Se é verdade que ainda está cedo para cravar a decadência da equipe, também é que 25% da pré-temporada já passou.

    Restam nove dias de testes. Depois, é empacotar tudo e viajar para a Austrália.

    O prejuízo é mensurável. A Mercedes já percorreu 784 km com o novo carro. A Ferrari, 602 km. A McLaren, 587 km. A Red Bull, 62 km –à frente apenas da Marussia, que se atrasou na fábrica e só ontem acelerou na Espanha, e da Lotus, que não deu as caras.

    O silêncio da equipe favorece as especulações. E são duas as que rondam os boxes de Jerez: a Renault estaria tendo dores de cabeça com as baterias do novo sistema de reaproveitamento de energia, e as entradas de ar do RB10 não seriam suficientes para refrigerar o motor.

    A experiência recomenda cautela. Newey é um gênio. E gênios, quando erram, geralmente encontram rápido uma saída. São enormes as chances de ele terminar o ano campeão, rindo dos pessimistas.

    Mas o fato de a grande equipe dos últimos anos começar a pré-temporada em dificuldades traz um sabor especial ao campeonato.

    Traz a perspectiva de movimentação das placas tectônicas. De mudanças no cenário.
    O que acontecerá com as outras equipes? Alguém vai surpreender, como a Brawn fez em 2009? A McLaren, por exemplo, parece ter encontrado alguma solução vantajosa...

    Será?

    Essa dúvida é sensacional para o esporte.

    fábio seixas

    Escreveu até junho de 2016

    É jornalista com mestrado em Administração Esportiva pela London Metropolitan University, da Inglaterra.

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