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    Fábio Seixas

    Ano prateado

    21/02/2014 03h00

    Seis dias já foram, há outros seis à frente. A pré-temporada chegou ontem à sua metade.
    Correndo o risco de quebrar a cara, este colunista lança aqui seu palpite: a Mercedes será a grande sensação do Mundial.

    Há alguns quês de evidência. E uma pitada de análise da conjuntura.

    A maior das evidências: carros empurrados por motores Mercedes lideraram cinco dos seis dias de atividades até agora. No Bahrein, na quarta-feira, três dos quatro primeiros colocados levavam a estrela de três pontas. Ontem, quatro dos cinco primeiros.

    Há um revezamento nas primeiras colocações, é verdade. A McLaren terminou três dias no alto da tabela de tempos. Force India e Williams, uma vez cada. Curiosamente, a Mercedes sempre esteve ali no bolo, mas ainda não fechou um dia no topo.

    Aí vem a análise.

    Cronômetro é o que menos importa agora. O que vale é garantir a resistência do equipamento. E isso a Mercedes já conseguiu: em Jerez, foi a equipe que mais andou, 309 voltas, 58 a mais que a Ferrari, segunda colocada em quilometragem.

    Enquanto Hamilton e Rosberg emendavam voltas e voltas, viam carros com motores idênticos passarem voando. Devem ter sorrido sob os capacetes.

    Ou seja, a Mercedes tem um carro confiável e um motor rápido.

    Mas o que faz dela mais favorita do que McLaren, Williams ou Force India? Em tese, as outras três ainda podem buscar essa confiabilidade.

    Começa pela estrutura, pela capacidade técnica, pelo dinheiro em caixa. Isso já descarta as duas últimas. E termina num contrato anunciado com pompa no ano passado.

    Esta é a última temporada da parceria com a McLaren. No ano que vem, a equipe inglesa vai usar motores Honda, retomando a parceria de sucesso da década de 90.

    Num cenário de revolução técnica dos propulsores, é improvável que a Mercedes revele segredos para engenheiros que, daqui a alguns meses, estarão trabalhando com um marca rival. Lá pelo meio da temporada, o relacionamento já terá ido para o vinagre.

    Há outros dois fatores importantes. A queda da Red Bull, que ainda pode ser revertida mas que já indica um cenário bem diferente, de fim de hegemonia. E a qualidade da dupla de pilotos: Hamilton e Rosberg estão entre os melhores do grid. E, sim, piloto bom ainda é fundamental.

    Os carros já não parecem mais flechas como aqueles que deram os títulos de 54 e 55 para Fangio. São um horror, feios pra chuchu. Mas continuam prateados. E podem escrever um novo e bonito capítulo da história do automobilismo exatos 60 anos após a primeira conquista.

    (Mas, claro, posso quebrar a cara.)

    fábio seixas

    Escreveu até junho de 2016

    É jornalista com mestrado em Administração Esportiva pela London Metropolitan University, da Inglaterra.

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