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    Fábio Seixas

    Problema redondo

    16/05/2014 02h00

    As duas principais revistas de automobilismo do planeta deram a mesma nota para o desempenho de Massa em Barcelona: 4.

    "Errou no treino classificatório e não foi bem numa corrida em que Bottas foi grandioso. O problema é o mesmo que enfrentava na Ferrari: ele desgasta excessivamente os pneus. Assim, mesmo largando bem, precisou fazer uma estratégia de três pits stops, enfrentando tráfego a cada saída dos boxes", escreveu a "Autosprint", italiana.

    Só um piloto teve nota mais baixa: Maldonado, que bateu no sábado e foi punido por acertar Ericsson no domingo. Bottas levou 9, só atrás de Hamilton e Vettel.

    A "Autosport", inglesa, citou o mesmo problema.

    "O cenário parecia encorajador para Massa na sexta, quando ele explorou lindamente o ritmo do carro. Parecia ter uma vantagem para Bottas no qualifying, mas um erro na curva 10 relegou-a a nono no grid. Na corrida, não conseguiu fazer os pneus durarem e rapidamente perdeu as perspectivas de pontuação. É difícil determinar o quanto ele tem de culpa, mas se não tivesse errado no sábado, sua corrida poderia ter sido bem diferente."

    Da mesma forma, só Maldonado mereceu nota mais baixa: 3. Bottas recebeu 8, atrás apenas de Vettel, Ricciardo e, claro, Hamilton.

    Não é coincidência. As duas principais publicações especializadas não dariam o mesmo chute errado. E, sendo sincero, não é preciso ser grande especialista.

    É só assistir aos GPs com atenção.

    O problema de Massa não é a mola que caiu do carro de Barrichello, não é o golpe com o "faster than you", não era o ambiente viciado da Ferrari.

    A maior dificuldade do brasileiro é com os pneus da Pirelli. E isso é bastante preocupante.

    Lidar bem com os pneus é, há algum tempo, a melhor qualidade que um piloto pode ter. Os pneus são o único ponto de contato entre o carro e a pista. De nada adianta ter o motor mais potente e não conseguir transmitir toda a cavalaria para o asfalto.

    Isso exige um dom intangível: sensibilidade. Aí mora o busílis.

    Um piloto pode estudar o mapeamento do motor e entender rapidamente onde precisar pisar mais forte e onde deve aliviar. Um piloto pode pedir um ponto a mais de asa dianteira e checar a diferença no cronômetro. Mas afinar a sensibilidade é mais complicado.

    O ano não está perdido para Massa. Há 74% de campeonato a ser disputado, e a chegada do parceiro Smedley à Williams só pode ajudar. Menos mal que o problema está identificado, conhecido, exposto.

    Sucesso ou fracasso, o desempenho do único brasileiro na F-1 neste ano passa obrigatoriamente pela compreensão dos pneus.

    fábio seixas

    Escreveu até junho de 2016

    É jornalista com mestrado em Administração Esportiva pela London Metropolitan University, da Inglaterra.

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