• Colunistas

    Wednesday, 01-May-2024 21:12:38 -03
    Fábio Seixas - Fábio Seixas de Barros Silva

    Playground

    DE SÃO PAULO

    22/08/2014 02h00

    Aos 16, Emerson pegava escondido os carros dos pais para acelerar pela rua Itápolis, no Pacaembu. Torcia pelo irmão, Wilson, e ainda não havia disputado uma corrida de nada. Aos 22, depois de algum sucesso no Brasil, encarou a aventura de cruzar o Atlântico. Aos 23, Chapman o colocou numa Lotus para ver no que dava.

    Aos 16, Piquet começava no kart. Começava. Frequentava oficinas em Brasília e turbinava os carros de amigos para disputar provas locais. Tinha 25 quando juntou uns trocos para tentar a sorte na F-3 inglesa. Ostentava 26 quando estreou na F-1.

    Aos 16, Senna ralava no kart. Ainda não tinha conquistado nenhum título relevante. Tinha 21 quando foi para a Europa. Havia acabado de completar 24 quando alinhou a Toleman em Jacarepaguá para seu primeiro GP.

    Olivier Hoslet-21.ago.2014/Efe
    O piloto belga Max Verstappen
    O piloto belga Max Verstappen

    Aos 16, Max Verstappen foi anunciado como piloto de F-1.

    Terá 17 anos quando estrear, é verdade, na abertura do próximo Mundial. O que não muda muita coisa.

    Os tempos são outros. Em todos os sentidos.

    Primeiro citado nesta coluna, Emerson também impressionou pela precocidade, à sua época. E seu exemplo ilustra bem o fenômeno de eras mais recentes.

    Campeão mundial com 25 anos, viu este recorde da juventude durar 23 temporadas. Alonso o derrubou em 2005. Hamilton superou o espanhol em 2008. E a marca foi para as mãos de Vettel em 2010.

    Todos esses começaram a correr de kart ainda crianças, e este é um dos três pontos que explicam a contratação de Max pela Toro Rosso.

    Filho do velho Verstappen, que foi companheiro de Schumacher na Benetton e de Barrichello na Stewart, ele começou aos 7. Natural, portanto, que chegue à F-1 mais cedo do que pilotos de outrora.

    A outra explicação tem paralelo com o que acontece no futebol: clubes/escuderias buscando talentos cada vez mais jovens. É uma competição acirrada. E quanto mais complicada fica, mais profunda é essa escavação.

    A experiência de Max com carros de corrida tem menos de um ano: sua primeira prova num F-Renault foi em outubro de 2013. Nesta temporada, teve algumas boas exibições na F-3 europeia. O olho da Mercedes cresceu para cima dele. A Toro Rosso respondeu: foi lá e lhe ofereceu o irrecusável.

    O último ponto é o "core business" da Toro Rosso: apostar alto em pilotos jovens, tema que já foi tratado por esta coluna algumas vezes. Se ele não der certo, será descartado sem piedade. Se passar pelo funil, ganhará um Red Bull de presente daqui a alguns anos.

    Explicações dadas.

    Mas não deixará de ser chocante ver um adolescente no grid do próximo GP da Austrália.

    fábio seixas

    Escreveu até junho de 2016

    É jornalista com mestrado em Administração Esportiva pela London Metropolitan University, da Inglaterra.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024