Ainda é agosto, estamos a sete meses do início do próximo Mundial, mas a maior das novidades de 2015 já começa a mexer com a F-1.
O retorno da Honda, reativando a histórica parceria com a McLaren. E a gigantesca ambição por trás dessa união.
Os japoneses não brincam em serviço, é sabido. Desta vez, porém, há um sério agravante: eles estão mordidos após a lambança que foi a última empreitada na categoria. Sabem que não têm o direito de errar de novo.
Foram três as aventuras da Honda na F-1.
Na primeira, com equipe própria de 1964 a 1968, eles foram bem, mas abriram mão após o trauma com a morte do novato Jo Schlesser, em Rouen.
A segunda, de 1983 a 1992, foi avassaladora. Como fornecedora de motores, empurrou Williams e McLaren a seis Mundiais de Construtores consecutivos e emplacou uma série de cinco títulos de pilotos –um com Piquet, um com Prost, três com Senna. Tornou-se sinônimo de tecnologia, organização, seriedade.
Qualificações que ficaram manchadas na terceira experiência na F-1. Começou em 2000. Primeiro, como fornecedora de BAR e Jordan. Depois, comprando a BAR e assumindo o time de 2006 a 2008. Um desastre.
Foram 53 GPs e uma só vitória. Mas o pior foi o que aconteceu depois.
A Honda decidiu sair novamente da F-1 e deixou em Brackley um carro no qual investiu pesado. Brawn ficou com esse espólio e adaptou o carro ao motor Mercedes. Produziu-se um fenômeno.
Em um ano de existência, em 17 GPs, a Brawn conquistou 5 poles, 8 vitórias e levou os dois Mundiais. E os japoneses ficaram em casa assistindo pela TV.
Por isso, agora, vêm pesado. Querem chegar chegando. E já buscam Vettel ou Alonso.
Em tese, ambos ainda terão vínculos com suas equipes. O alemão, até o fim de 2015. O espanhol, por uma temporada a mais. Na prática, isso já foi escrito aqui algumas vezes, sabemos que contratos da F-1 existem para serem rasgados.
Outra possibilidade é assinar com um deles e correr com uma dupla tampão no próximo Mundial. Isso explica tanta demora em renovar com Button.
Não seria o ideal, mas já abalaria a concorrência e sinalizaria visão de longo prazo.
O momento é de leilão, de ofertas, de contrapropostas, de espera. E deve se arrastar por mais algumas semanas.
Mas está cada vez mais claro, já uma certeza: a Honda não vai se contentar com o segundo lugar.
RESUMO
Rosberg errou, mas não fez de propósito. Hamilton está uma pilha de nervos. E a Mercedes, até agora, só falou, falou e não fez nada.
fseixasf1@gmail.com
É jornalista com mestrado em Administração Esportiva pela London Metropolitan University, da Inglaterra.