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    Fábio Seixas - Fábio Seixas de Barros Silva

    Um certo vírus

    06/03/2015 02h00

    Está na página 3 do caderno Esporte desta Folha da última terça-feira. No alto, uma nota sobre a volta de Piquet às pistas, pela Porsche Cup. Exatamente abaixo, a notícia de que Mick, 15, filho de Schumacher, fará a transição do kart para os fórmulas.

    Não deu para não embarcar numa viagem no tempo. Não deu para não mergulhar em outra viagem: uma reflexão sobre o tal "vírus da velocidade", o fascínio que o automobilismo exerce.

    Em 91, aos 39 anos, tricampeão mundial, Piquet viu chegar à Benetton um jovem alemão cujo talento em apenas uma corrida, pela Jordan, chamara a atenção de toda a F-1.

    Aos 22, Schumacher logo se tornou o garoto prodígio da categoria. Tomou conta da equipe. E empurrou o veterano para fora.

    É da vida.

    Piquet, porém, resistiu em parar. Aventurou-se na Indy. E sofreu, em 92, o pior acidente de sua carreira. Esfacelou os pés, quebrou as pernas. Parou? Não. Voltou em 93 a Indianápolis, como para pagar uma dívida consigo mesmo. Depois disso, correu três vezes em Le Mans, além de provas eventuais em outras categorias.

    Estava sossegado nos últimos tempos, é fato. Mas resolveu acompanhar o filho Pedro num teste da Porsche em Curitiba, em setembro, e aceitou dar umas voltas na pista. Pronto. O vírus se manifestou.

    Não vai ser nada muito sério. Aos 62, Piquet nem sequer decidiu se fará o campeonato completo. Quer mais é se divertir, tem todo o direito.

    É da vida.

    Mas quis o destino que, no mesmo dia desta notícia ter vindo à tona, Mick fosse anunciado como novo piloto da F-4 alemã.

    Entrevado na UTI montada em sua casa, Schumacher talvez nem saiba da novidade –as informações sobre seu estado de saúde seguem escassas.

    Mick correrá na equipe que catapultou outro filho de piloto, Max Verstappen, para a F-1.

    F-1 que já teve Nelsinho. E que é também o sonho de Pedro.

    Por que tanta resistência em parar? Por que tanta vontade de seguir a carreira do pai?

    Acredito que tem a ver com a adrenalina da velocidade, com o gosto pela precisão, com o espírito competitivo, com o frisson do paddock, com a rotina de viajar pelo mundo. Ou talvez sejam todos malucos mesmo.

    Talvez só quem corre ou correu possa dizer.

    TESTES

    A Mercedes está anos-luz à frente da concorrência. Williams e Ferrari estão no segundo degrau, seguidas de perto pela Red Bull. E a McLaren está perdidinha.

    Já não há tempo para mais nada. Assim começará o campeonato, na Austrália, daqui a duas semanas.

    Alonso? A boataria está forte. Mas só ele e a McLaren podem esclarecer o que houve naquele acidente.

    fseixasf1@gmail.com

    fábio seixas

    Escreveu até junho de 2016

    É jornalista com mestrado em Administração Esportiva pela London Metropolitan University, da Inglaterra.

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