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    Fábio Seixas

    Fórmula Motor

    19/06/2015 02h00

    Homem forte da Red Bull no esporte a motor, Marko expôs o tamanho do prejuízo da equipe com o mau desempenho da Renault.

    "Não podemos continuar mais dois anos com esses motores. Esta queda no Mundial de Construtores é algo que nos machuca. E que nos vai custar 20 milhões de euros."

    Estamos falando de algo em torno de R$ 70 milhões.

    Uma "reunião de crise" entre equipe e montadora foi marcada para a semana que vem. Os franceses irão munidos de relatórios com os mais recentes resultados dos bancos de testes. Os austríacos sentarão à mesa tomados de ódio.

    Depois de conquistar quatro Mundiais de Construtores na sequência, entre 2010 e 2013, a parceria Red Bull-Renault caiu para vice em 2014. Hoje, é a quarta colocada. No ano passado, após sete provas, tinha 139 pontos. Hoje, tem 54.

    O clima também começa a esquentar entre McLaren e Honda, como era previsível. As evoluções implantadas em Montreal não deram certo e os pilotos não escondem a frustração.

    Nesta semana, questionado se já enxergava uma luz no fim do túnel, Boulier foi irônico. "Sim, mas não tenho ideia de quanto tempo levaremos para chegar até lá."

    Péssima notícia para as duas equipes, Zeltweg é um circuito com aclives que exigem bastante do motor. Preparem-se para mais um passeio da Mercedes, levando a reboque suas equipes clientes: Williams, Lotus e Force India.

    Aí é que mora o busílis.

    F-1 hoje é sinônimo de motor. Apenas de motor.

    Isso é fruto de um Regulamento Técnico que engessa demais a criação dos engenheiros e que restringe qualquer chance de revolução capaz de, por outros caminhos, virar o jogo ao longo do campeonato.

    E é fruto de um Regulamento Esportivo baseado na economia de custos e que instituiu os tais "tokens", cujos efeitos colaterais também inviabilizam uma mudança de cenário.

    Em outras palavras: quem começa o ano com o melhor motor segue assim até o fim da temporada e quem está um passo atrás já pode se deprimir e pensar no ano seguinte.

    Já houve a era da aerodinâmica, em que as equipes compravam motores como quem vai ao supermercado e diferenciava-se aquele que melhor compreendia os mistérios das asas e aletas.

    Já houve a era da eletrônica, de carros-robôs extremamente dependentes de chips e softwares comandados dos boxes.

    E já houve as melhores épocas, em que tudo era mais equilibrado.

    Uma equipe podia ter um motor potentíssimo, mas bater roda com outra que trazia uma aerodinâmica mais refinada. Um time podia ter mais dinheiro, mas rivalizar com outro calçado com pneus mais eficientes.

    A F-1 precisa criar mais variáveis. Ou continuaremos acertando os campeões de cada temporada depois de apenas duas ou três corridas.

    fábio seixas

    Escreveu até junho de 2016

    É jornalista com mestrado em Administração Esportiva pela London Metropolitan University, da Inglaterra.

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