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    Fábio Seixas - Fábio Seixas de Barros Silva

    09/10/2015 02h00

    É um nó difícil de desatar, o da Red Bull.

    Equipe-sensação da última década na F-1, revolucionária a ponto de chacoalhar o clima insípido do paddock, dona de quatro Mundiais de Construtores, a organização montada por Mateschitz chega ao fim de 2015 sem saber se haverá 2016.

    A sequência de decisões e circunstâncias é desastrosa.

    Começou no ano passado, quando a Renault não conseguiu entregar uma unidade de potência tão forte como a de temporadas anteriores. Para piorar, a Mercedes surgiu com um canhão, deixando a outrora poderosa –e todas as outras– comendo poeira.

    As relações entre equipe e montadora foram piorando, esfarelando, atravessaram 2015 e chegaram ao anúncio do divórcio, no mês passado.

    E agora?

    Restam três opções: Honda, Mercedes e Ferrari.

    A primeira seria um tiro no pé, por razões óbvias.

    O problema é que as outras duas resistem em entregar o ouro ao bandido. Compreensível: apanharam por anos a fio e agora querem gozar o bom trabalho de recuperação que fizeram.

    Não foi por benevolência que a Mercedes resolveu fornecer motores para a Manor no ano que vem. Ganhou uma ótima desculpa para as pressões que vem sofrendo de Ecclestone, empenhado em ajudar a Red Bull.

    "Não temos capacidade de atender uma terceira equipe".

    A bola está com a Ferrari. Que, sabemos, faz o que quer na F-1.

    A solução parecia ter surgido com o interesse da Volkswagen em entrar na F-1. Desta vez, diferentemente das dezenas de rumores dos últimos anos, a coisa soava séria.

    A equipe usaria uma opção-tampão em 2016 –falava-se na Ferrari– e correria a partir de 2017 com o motor alemão, batizado por uma de suas marcas premium. Audi, Porsche, Bentley e Lamborghini disputavam essa primazia. A Red Bull seguiria na categoria apenas como patrocinadora.

    Mas eis que explodiu a fraude nos testes de emissão de poluentes em carros diesel da Volks. As multas mundo afora serão pesadíssimas, o CEO renunciou e o novo anunciou nesta semana que a montadora só vai gastar com o "estritamente necessário" no ano que vem.

    F-1 não parece ser o caso neste momento.

    A Red Bull tem três opções agora. Aceitar o tiro no pé e conversar com a Honda, ser humilde e convencer a Ferrari ou fechar as portas.

    Fosse uma equipe de raiz, tivesse um garagista no comando, aceitaria passar dois ou três anos em baixa, pensando no longo prazo.

    Mas não é.

    A Red Bull é uma plataforma de marketing, uma marca de energético. Cada mau resultado num GP é um golpe na sua imagem. A Red Bull pode sumir como surgiu, num estalar de dedos. E levaria consigo a Toro Rosso.

    Seria péssimo para a F-1.

    Não digam que Ecclestone não avisou.

    fábio seixas

    Escreveu até junho de 2016

    É jornalista com mestrado em Administração Esportiva pela London Metropolitan University, da Inglaterra.

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