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    Fábio Seixas - Fábio Seixas de Barros Silva

    Saber ouvir

    11/03/2016 02h00

    "Lewis deveria pensar um pouco melhor sobre o halo e as responsabilidades que tem como campeão mundial. Ele poderia ao menos considerar sua implantação e, se possível, ajudar com informações para torná-lo menos inconveniente para os pilotos."

    "Eu até entendo suas reações iniciais. Se eu ainda estivesse correndo, provavelmente diria coisas semelhantes num primeiro momento. Mas, depois, é preciso sentar e refletir com cuidado sobre as implicações de continuar com os testes ou de parar definitivamente."

    "Lewis é um piloto extraordinário e todas as informações que ele dá para o desenvolvimento de um carro são valiosas. Mas ele usou uma visão tradicionalista, falou do alto do entusiasmo de alguém que está acostumado a pilotar sem nada à sua volta."

    "Mudanças acontecem de tempos em tempos e alguma vezes são forçadas. Tudo indica que a entidade que comanda o automobilismo, por causa do momento e do rumo que as coisas estão tomando, vai impor essa mudança no regulamento."

    "Sofri a tragédia da perda de Henry. Ele foi acertado por uma roda que pesava 28 quilos. Imagino que o halo o teria salvo."

    *

    Banalizamos, jornalistas e torcedores, o conceito de "lenda do esporte". É um tremendo mal dos nossos tempos: desprezar atos heroicos do passado. Suspeito que seja porque não estejam no Facebook ou no Youtube.

    Fato é que são poucos e poucas os que realmente merecem esse rótulo.

    No esporte a motor, John Surtees é um deles.

    Aos 82, é o único homem a conquistar títulos nas principais categorias do motociclismo e do automobilismo. Foi quatro vezes campeão das 500 cc e conquistou a F-1 em 1964.

    Depois disso, montou uma equipe de respeito na F-1: 117 GPs entre 1970 e 1978. Teve mais: carros com seu sobrenome correram também em categorias de base, num esforço para revelar novos talentos.

    Mas talvez seu feito mais admirável tenha sido se manter vivo e ativo após a morte do filho.

    A cabeça de Henry foi acertada por um pneu que se soltou do carro de um adversário após um acidente numa prova de F-2. Aconteceu em Brands Hatch, há sete anos. Henry tinha 18. Sonhava em chegar à F-1, como todo garoto que um dia acelera um kart.

    O "halo" teria evitado sua morte.

    Este colunista mudou de opinião após ver o halo ser testado pela Ferrari em Barcelona. Não é tão medonho assim, e foi só a primeira experiência. Ainda há o que melhorar, em termos de eficiência e de design. Prefiro ser essa metamorfose ambulante, já dizia o tio Raul.

    Hamilton deveria prestar atenção no que Surtees diz.

    Eric Alonso/AFP
    Ferrari's German driver Sebastian Vettel drives a car sporting a prototype protective cage over the cockpit, dubbed Halo, at the Circuit de Catalunya on March 4, 2016 in Montmelo on the outskirts of Barcelona during the fourth day of the second week of tests for the Formula One Grand Prix season. It is understood that the International Motorsport Federation (FIA) wants Grand Prix teams to run with a new 'Halo' design on their cars. / AFP / Eric Alonso ORG XMIT: LG3049
    Vettel durante teste com o halo em Barcelona

    fábio seixas

    Escreveu até junho de 2016

    É jornalista com mestrado em Administração Esportiva pela London Metropolitan University, da Inglaterra.

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