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    Fábio Seixas

    Über alles

    29/04/2016 02h00

    Pouca gente está prestando atenção a uma marca importante que vai ser alcançada em Sochi.

    A não ser que um meteoro acerte o circuito, os motores Mercedes chegarão ao 138º GP na zona de pontos.

    A montadora alemã igualará o que a Renault fez entre Bélgica-2008 e Abu Dhabi-2015. E ficará atrás apenas de um daqueles raros recordes que provavelmente nunca serão batidos: os 228 GPs da Ford entre Canadá-1967 e Holanda-1983.

    Eram outros tempos, aqueles. Os motores preparados pela Cosworth estavam acessíveis a quem quisesse. Dominavam o grid –e isso não é figura de linguagem.

    Saeed Khan/AFP
    Mercedes AMG Petronas F1 Team's British driver Lewis Hamilton takes a corner during the opening practice session of the Formula One Australian Grand Prix in Melbourne on March 18, 2016. / AFP PHOTO / SAEED KHAN
    O britânico Lewis Hamilton, da Mercedes, durante os treinos livres do GP da Austrália

    Puxei um GP aleatório no meu velho "Grand Prix Data Book": em Hockenheim-1978, 24 dos 30 carros eram empurrados pela dobradinha formada entre a montadora americana e a preparadora inglesa.

    É um caso à parte, portanto. Era um momento diferente, quase uma aberração estatística. O que só dá mais força ao feito que a Mercedes vai obter no GP da Rússia.

    Desde o GP da China de 2008, vencido por Hamilton na McLaren, ao menos um carro equipado com o motor alemão cruzou a linha de chegada no top 10.

    O ano seguinte viu a surpreendente conquista da Brawn, depois vieram três temporadas em que McLaren e Mercedes foram coadjuvantes da Red Bull até que, em 2014, a equipe prateada deslanchou e impôs sua hegemonia.

    Por trás do sucesso, da marca história que será alcançada, estão dois pontos fundamentais.

    O primeiro, senso de oportunidade. Não por acaso, o domínio alemão começou quando a F-1 mudou o regulamento e transformou os motores, a rigor, em "unidades de potência".

    Uma revolução técnica. E a Mercedes soube lidar com isso muito melhor do que as concorrentes –a Renault, por outro lado, carimbou ali o seu declínio.

    Na era das "unidades de potência", são 35 vitórias da estrela de três pontas em 41 GPs. Quando o assunto é pole position, o número é arrasador: 40 –a exceção foi o ferrarista Vettel, no GP de Cingapura do ano passado.

    O outro ponto fundamental é comum a toda história de sucesso: trabalho duro.

    Trabalho duro de pessoas que hoje estão na Mercedes, como Lauda, Wolf, Lowe e Hamilton.

    Mas este colunista reserva uma galeria especial para quem gramou lá atrás, quando a Mercedes assumiu a Brawn e passou GPs e GPs comendo poeira.

    O próprio Brawn, hoje aposentado, tem sua marca nessa conquista. Rosberg, na equipe desde 2010, merece aplausos.

    Schumacher também merece ser lembrado quando os motores Mercedes zunirem na reta de chegada de Sochi. Desses 138 GPs, 31 tiveram o alemão na zona de pontos.

    Como quer que esteja vivendo, acompanhando ou não a F-1, ele conquistará neste domingo mais uma marca histórica. Continua sendo um gigante.

    fábio seixas

    Escreveu até junho de 2016

    É jornalista com mestrado em Administração Esportiva pela London Metropolitan University, da Inglaterra.

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