• Colunistas

    Monday, 06-May-2024 09:10:51 -03
    Fernando Canzian

    Arrancada em países ricos pode beneficiar o Brasil

    03/11/2016 10h38

    Os países mais ricos do mundo registram uma arrancada nos índices de confiança e produção industrial.

    Conjunta em várias economias pela primeira vez em alguns anos, ela deve ajudar a consolidar o quadro de recuperação no Brasil. O país poderá receber até US$ 120 bilhões em capitais estrangeiros em 2017 (em títulos públicos, ações e investimentos diretos).

    O valor é quase 20% maior em relação ao que entrou no Brasil em 2015, segundo estimativa divulgada nesta quinta (3) pelo IIF (Instituto de Finanças Internacionais, uma espécie de Febraban mundial).

    Os maiores bancos do mundo consideram a recuperação nos países ricos uma "sólida surpresa positiva" depois de anos de queda ou estagnação. A maior novidade é que ela se dá ao mesmo tempo nos EUA, na zona do euro e no Japão (quadro abaixo).

    Editoria de arte/Folhapress

    Nos EUA, o PMI (índice de produção, encomendas e estoques de milhares de empresas) subiu a seu maior patamar em mais de um ano. No conjunto dos países europeus, o momento é o mais favorável desde o início de 2014.

    Na Alemanha, maior economia da Europa, a recuperação é maior do que a média dos países que têm o euro como moeda e atinge também o setor de serviços. O mesmo ocorre nos EUA, onde os serviços representam mais de dois terços da economia.

    A notícia é mais um vento a favor para a ainda incipiente recuperação brasileira, que vai contando com cada vez mais ajuda externa.

    Desde o início do ano, uma onda de capitais estrangeiros em busca de rentabilidade vem animando a Bovespa, diminuindo a cotação do dólar e encorajando empresas brasileiras a tomar recursos mais baratos no exterior.

    O prêmio cobrado de empresas nacionais (risco Brasil; uma espécie de proteção contra calotes) nessas captações já caiu à metade desde o final do ano passado.

    A recuperação dos países ricos também deve reforçar o movimento de alta dos preços das commodities brasileiras. Nos últimos meses, a maioria voltou a subir (minério de ferro teve alta de 16% só em outubro) e o país registrou recorde histórico na balança comercial até o mês passado (US$ 38,5 bilhões).

    Caso se sustente, a nova ajuda externa pode favorecer principalmente as exportações do setor industrial, que concentra melhores empregos (75% deles são formais) e de onde sai a maior fatia da arrecadação de tributos (30%).

    Em seus relatórios mais recentes, o IIF vem pontuando positivamente o cenário de busca pelo equilíbrio fiscal no Brasil, fato que pode continuar encorajando investidores a investir no país e diminuir mais o custo de financiamento de empresas brasileiras.

    Entre o 1º e o 2º turno da eleição municipal, a Câmara dos Deputados aprovou com folga a PEC do teto para conter o aumento do gasto público. Entre os vitoriosos na eleição, muitos se elegeram com o discurso da austeridade e da eficiência.

    O IIF pondera que, daqui em diante, o mercado ficará atento à tramitação da reforma da Previdência, considerada fundamental para que o teto para os gastos funcione e para a consolidação do ajuste fiscal, que favoreceria uma redução maior dos juros (Selic) e o crescimento.

    fernando canzian

    É repórter especial da Folha. Foi secretário de Redação, editor de política, do "Painel" e correspondente da Folha em NY e Washington. Vencedor de quatro prêmios Esso.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024