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    Fernando Rodrigues

    Tea Party dos trópicos

    06/04/2013 03h30

    BRASÍLIA - Pelas contas do Datafolha, 28% dos brasileiros hoje são fiéis de alguma denominação evangélica. Há dez anos eram 19%.

    Assim como o papa não manda inteiramente nos católicos, tampouco há, entre os evangélicos, líderes capazes de determinar o comportamento de seus seguidores.

    O que é inegável é a capacidade de mobilização de uma parcela mais rumorosa desse grupo religioso. O efeito demonstração é gigantesco.

    Tome-se o caso do deputado federal e pastor evangélico Marco Feliciano. Ele tem sido questionado por ocupar a presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara. Ontem, a polêmica completou um mês. Nesse período, ele foi citado 449 mil vezes no microblog Twitter. Superou em 100% o número de votos recebidos para se eleger em 2010.

    Naquele ano, adeptos de várias religiões criaram um grande ruído na fase final da eleição presidencial. O debate sobre a liberalização do aborto contribuiu para empurrar a disputa ao segundo turno. O PT se sentiu compelido a abraçar as posições mais conservadoras.

    O favoritismo de Dilma Rousseff na eleição de 2014 deverá atrair outra vez os principais políticos evangélicos, inclusive Marco Feliciano --que montou uma brigada na internet para defender a petista em 2010.

    Só que esse movimento político-religioso conservador, uma espécie de Tea Party dos trópicos, anda insatisfeito com o PT. Feliciano já reclamou. Negou apoio automático ao projeto de reeleição presidencial petista.

    Ontem, na Folha, Silas Malafaia deu outro sinal. O presidente da Assembleia de Deus Vitória em Cristo escreveu: "[O] PT e Dilma Rousseff estão sinalizando que abrem mão da comunidade evangélica nas próximas eleições".

    Pode ser apenas alarme falso. Ainda assim, é uma luz amarela com mais de um quarto dos eleitores do país por trás.

    fernando rodrigues

    Escreveu até novembro de 2014

    Na Folha, foi editor de "Economia" (hoje "Mercado"), correspondente em Nova York, Washington e Tóquio. Recebeu quatro Prêmios Esso (1997, 2002, 2003 e 2006).

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