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    Fernando Rodrigues

    Os conservadores

    13/04/2013 03h30

    BRASÍLIA - Com 21 anos de ditadura militar (1964-1985) nas costas, o Brasil desenvolveu uma aversão natural a tudo que pudesse recender a conservadorismo ou pensamento de direita. Nas eleições presidenciais diretas no atual período democrático, os candidatos mais competitivos sempre se definiram como de centro ou de esquerda.

    O Brasil passou a ser uma das maiores democracias do planeta com uma aberração. Não havia ninguém relevante para ocupar de peito aberto o campo conservador de direita.

    Muito disso foi só retórica. Todos os presidentes da República eleitos pós-ditadura sempre flertaram com políticas ortodoxas na economia. Não foram propriamente de esquerda. Até o ex-presidente Lula, que governou o Brasil de 2003 a 2010, adotou várias ações que poderiam ser classificadas como conservadoras --sobretudo na condução das regras de livre mercado e finanças.

    Nesse ambiente, por rejeitar o seu próprio DNA, o principal partido vocacionado para o conservadorismo acabou definhando. Trata-se do PP (Partido Progressista). Essa legenda é herdeira direta da Arena (que também se chamou PDS, PPR e PPB). Foi a agremiação que sustentou a ditadura militar. Mas, exceto por alguns de seus integrantes mais exóticos, todos os demais pepistas passaram a rejeitar a classificação de "conservadores". Direita, nem pensar.

    O PP foi grande até 1994, quando elegeu 86 deputados. Depois, desceu a ladeira. Tem agora meras 37 cadeiras na Câmara. Nesta semana, trocou seu presidente. Saiu Francisco Dornelles, de 78 anos, e entrou o senador Ciro Nogueira, de 44 anos.

    A intenção de Nogueira é fazer do PP o principal partido conservador do Brasil. "Há um vácuo nesse campo da política. Vamos preenchê-lo", diz ele. Aliado de Dilma Rousseff, terá de demonstrar na prática essa intenção nas eleições de 2014.

    O PP terá sucesso? Aí é outra história. As urnas dirão no ano que vem.

    fernando rodrigues

    Escreveu até novembro de 2014

    Na Folha, foi editor de "Economia" (hoje "Mercado"), correspondente em Nova York, Washington e Tóquio. Recebeu quatro Prêmios Esso (1997, 2002, 2003 e 2006).

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