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    Fernando Rodrigues

    1998 e 2014

    25/05/2013 03h30

    BRASÍLIA - Há um desejo grande da cúpula petista de liquidar a eleição presidencial do ano que vem no primeiro turno, reelegendo Dilma Rousseff para comandar o país por mais um mandato. É que há um cheiro no ar sobre certas semelhanças entre 1998 e 2014.

    Antes é bom lembrar 1997. A economia do país já não estava tão bem. Mas o então presidente Fernando Henrique Cardoso desfrutava de ampla popularidade. Tanto é que aprovou a emenda constitucional da reeleição, para ele próprio disputar mais um mandato no ano seguinte.

    Em 1998, FHC e os demais aliados tucanos sabiam que um eventual segundo turno os obrigaria a um constrangimento razoável. Teriam de debater de maneira direta com o principal candidato de oposição à época, Luiz Inácio Lula da Silva.

    O PT tinha poucas ideias sobre como melhorar o país em 1998. Mas Lula era candidato pela terceira vez. Exalava esperança. O eleitorado poderia entrar em curto-circuito por causa da economia andando de lado. No final, FHC bateu na trave e acabou ganhando no primeiro turno. Teve 53% dos votos válidos.

    Agora, como se sabe, a economia não vai muito bem, como em 1997. Só que Dilma continua popular. A petista venceria hoje no primeiro turno. Possivelmente ela passará o ano que vem inteiro evitando debates e entrevistas --como fez FHC. Fará concessões, como já faz, à mídia amiga e a programas de TV anódinos.

    Mas o que acontecerá se houver um segundo turno? A política econômica errática, as microdecisões e os microrresultados serão colocados sob análise. Tudo será contraditado pela oposição. E Dilma, diferentemente de Lula, não tem a loquacidade e a presença de espírito de seu mentor em debates abertos.

    É cedo para vaticínios. Na dúvida, Dilma faz certo ao tentar montar uma ampla aliança para 2014 buscando vencer no primeiro turno. Uma segunda rodada seria um grande risco.

    fernando rodrigues

    Escreveu até novembro de 2014

    Na Folha, foi editor de "Economia" (hoje "Mercado"), correspondente em Nova York, Washington e Tóquio. Recebeu quatro Prêmios Esso (1997, 2002, 2003 e 2006).

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