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    Fernando Rodrigues - Euclides Santos Mendes

    Dilma é favorita

    05/06/2013 03h30

    BRASÍLIA - Só um surto de autoengano leva a oposição a acreditar que o raciocínio "o Brasil está bom, mas pode melhorar" vai se disseminar pela maioria do eleitorado no ano que vem --e será suficiente para destronar o PT do Planalto.

    Esse voto racional nunca aconteceu em nível nacional no Brasil moderno. Aliás, ocorreu o oposto. Em 1986, qualquer pessoa bem informada sabia que o Plano Cruzado já era. Mas o PMDB ganhou quase tudo.

    Em 1998, o Plano Real estava condenado com o seu câmbio engessado. Mas Fernando Henrique Cardoso foi reeleito presidente.

    A única chance de a oposição vencer em 2014 é se acabar a sensação de bem-estar da maioria dos eleitores. A economia desempenha um papel relevante na construção desse cenário, embora não seja único. As coisas pioram para a oposição porque a profusão de indicadores ruins nos últimos dias não garante um cenário de desastre absoluto até o final do ano que vem.

    É evidente que o atual crescimento medíocre terá impacto mais adiante. A partir de 2015, com certeza. Só que a eleição já terá passado.

    Consultado, o marqueteiro oficial João Santana, o 40º ministro, deu risada sobre a hipótese de a inflação tirar Dilma Rousseff do Planalto. As pesquisas do governo indicam, de fato, um ruído razoável na mente das pessoas sobre a alta de preços, sobretudo de alimentos. Mas nesses mesmos levantamentos, a presidente é vista pelos eleitores como a mais apetrechada para tratar desse problema --bem à frente de todos os candidatos de oposição.

    Nesse ponto, não custa repetir a ressalva de sempre: falta muito até outubro de 2014. Ainda assim parece ter se instalado no noticiário uma sensação de jogo zerado. Talvez pelas derrapadas econômicas e pela presença midiática dos pré-candidatos de oposição. Tudo somado forma uma miragem. Por enquanto, Dilma segue como favorita.

    fernando rodrigues

    Escreveu até novembro de 2014

    Na Folha, foi editor de "Economia" (hoje "Mercado"), correspondente em Nova York, Washington e Tóquio. Recebeu quatro Prêmios Esso (1997, 2002, 2003 e 2006).

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