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    Fernando Rodrigues

    Infantilismo na campanha

    12/06/2013 03h30

    BRASÍLIA - Mesmo o leitor que não acompanha a política de forma quase obsessiva como eu já terá topado com argumentos contrários à campanha eleitoral antecipada: "Não é bom para o Brasil" e "Esses políticos fariam melhor se trabalhassem um pouco e deixassem para cuidar da eleição só em 2014".

    Nesta semana, recebi um comunicado da Rede, o novo partido em formação. O texto comenta com alegria a pesquisa Datafolha, na qual Marina Silva aparece numericamente em segundo lugar. O parágrafo final, em plural majestático, diz o seguinte: "Não consideramos oportuna ou benéfica para o país qualquer antecipação da disputa eleitoral de 2014. Somente após o cumprimento de todas as etapas de sua constituição, a Rede irá avaliar a oportunidade e a conveniência de uma candidatura nas eleições presidenciais".

    Quero deixar registrado que sou totalmente favorável à campanha eleitoral eterna, antecipada, sem trégua, o tempo todo. Por um único e exclusivo motivo: não existe um político no planeta Terra que não esteja sempre em campanha, a cada minuto. O que alguns fazem é tergiversar, como no comunicado da Rede.

    Alguém acredita que Marina Silva não esteja em campanha eleitoral? Claro que está. Assim como Dilma Rousseff, Aécio Neves e Eduardo Campos. Mas, como a política é uma atividade vilipendiada pelos próprios políticos, eles preferem fingir.

    Em certa medida, essa atitude melíflua dos políticos é reflexo do atraso institucional do Brasil e das regras obsoletas para partidos e eleições. Hoje, um prefeito ou governador cometerá uma infração eleitoral se ousar postar algo assim no Twitter: "No ano que vem, vote em mim". A lei só permite tal tipo de manifestação a partir de julho de 2014.

    Esse infantilismo político diz muito do nível dos governantes. O pior de tudo é que os políticos se acomodam e acham boas essas regras surreais. E fingem que não fazem campanha.

    fernando rodrigues

    Escreveu até novembro de 2014

    Na Folha, foi editor de "Economia" (hoje "Mercado"), correspondente em Nova York, Washington e Tóquio. Recebeu quatro Prêmios Esso (1997, 2002, 2003 e 2006).

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