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    Fernando Rodrigues

    Surgem novos cenários

    22/06/2013 03h30

    BRASÍLIA - Ninguém tem a menor ideia de como será o desfecho e qual será o saldo dos protestos de rua atuais. Nem os próprios manifestantes. É natural que seja assim. Em geral, as pessoas só sabem o que não querem, mas não o que querem.

    Hoje, quem marcha pelas cidades brasileiras ao cair da tarde rejeita os partidos, os políticos, a corrupção. É contra quase tudo. Só não dizem exatamente o que colocar no lugar.

    Um dos poucos consensos a respeito do que se passa é que alguma consequência haverá. Uma delas é uma nova configuração dos cenários de 2014. As 27 disputas para governador e a corrida presidencial estavam caminhando para uma zona de conforto, com muitos nomes sendo dados como favoritos. Agora, há mais dúvidas do que certezas.

    Tome-se o caso da pesquisa Datafolha divulgada ontem e realizada anteontem apenas entre os manifestantes na cidade de São Paulo. O líder do levantamento na disputa pelo Palácio do Planalto é o presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, com 30%. Em segundo lugar vem Marina Silva, da Rede Sustentabilidade, com 22%. Ou seja, juntos eles têm mais da metade das preferências entre os paulistanos que estão protestando.

    Dilma Rousseff, que, na pesquisa nacional Datafolha do início do mês, pontuou 51%, aparece com meros 10% entre os manifestantes de São Paulo. O tucano Aécio Neves tem 5%. Eduardo Campos, só 1%.

    Outro dado notável é a taxa dos que dizem votar em branco, nulo ou nenhum: 27%. Embora esse percentual seja três vezes superior à média nacional, fica um pouco desmontada a tese de que os indignados rejeitam 100% dos políticos. Não é bem assim.

    É evidente que essa é uma pesquisa cheia de viés por ter sido realizada durante um dia muito conturbado e com um público específico sob forte emoção. Mas é um indício também de que cenários novos podem surgir daqui até 2014.

    fernando rodrigues

    Escreveu até novembro de 2014

    Na Folha, foi editor de "Economia" (hoje "Mercado"), correspondente em Nova York, Washington e Tóquio. Recebeu quatro Prêmios Esso (1997, 2002, 2003 e 2006).

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