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    Fernando Rodrigues

    Dilma e o padrão Felipão

    03/07/2013 03h30

    BRASÍLIA - Quando a popularidade de Fernando Collor despencou, em 1990, havia um fato concreto por trás da percepção popular. O confisco da poupança falava por si só.
    O mesmo se deu com Luiz Inácio Lula da Silva em 2005. O mensalão foi uma cacetada na imagem de vestal cultivada pelo PT.

    Com Dilma Rousseff o fenômeno é de natureza diversa. A inquietação dos brasileiros não é só contra ela, mas sim direcionada de maneira horizontal, para usar o termo da moda, em relação a todo o establishment político. Não é à toa que os governadores de São Paulo, Geraldo Alckmin, e do Rio, Sérgio Cabral, também enfrentam solavancos.

    Mas esse fenômeno difuso contra Dilma é melhor ou pior do que os experimentados por Collor e Lula? Não há como prever, embora seja sempre muito mais fácil lutar contra um problema conhecido do que derrotar algo ainda indecifrável e intangível.

    Se Collor tivesse reagido da maneira correta, certamente teria encontrado formas de melhorar a economia e responder às acusações de corrupção que pesavam contra ele. Lula, em 2005, reagiu dizendo que não sabia de nada sobre o mensalão. Concentrou-se na economia, que deslanchou em 2006. O petista foi reeleito para mais quatro anos.

    Dilma trabalha com a hipótese de que a onda de protestos vai passar neste momento pós-Copa das Confederações. Nesse cenário dilmista edulcorado, a economia crescerá e a inflação não vai disparar.

    A presidente até fez uma "boutade" e disse adotar um "padrão Felipão" em seu governo. É uma brincadeira curiosa com o técnico de futebol do Brasil. À frente da seleção, ele venceu a Copa das Confederações. Ao dirigir o Palmeiras, a equipe desceu à segunda divisão.

    Ou seja, às vezes não basta alguém estar no comando. É preciso ter um bom time. Dilma tem 39 ministros e muitos parecem jogar mais ao estilo do Palmeiras do que no esquema da seleção.

    fernando rodrigues

    Escreveu até novembro de 2014

    Na Folha, foi editor de "Economia" (hoje "Mercado"), correspondente em Nova York, Washington e Tóquio. Recebeu quatro Prêmios Esso (1997, 2002, 2003 e 2006).

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