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    Fernando Rodrigues

    A viabilidade de Marina

    17/08/2013 03h00

    BRASÍLIA - As dificuldades operacionais encontradas por Marina Silva para viabilizar a sua Rede Sustentabilidade demonstram duas coisas. Primeiro, a profunda falta de critérios e preparo de alguns cartórios eleitorais do Brasil quando se trata de validar assinaturas para a criação de um novo partido. Segundo, uma alta dose de incapacidade gerencial por parte das forças que dão sustentação à ex-senadora.

    Todos podemos --e devemos-- reclamar da má qualidade dos serviços prestados pelos cartórios no interior do país. O que não podemos é nos surpreender com a realidade. O bom gestor tem de se antecipar aos problemas, e não apenas lamentar quando as coisas começam a dar errado.

    Se, no Brasil, tudo é muito demorado e burocrático quando se trata de registrar uma nova legenda partidária, o que pode ser feito? Coletar muitas assinaturas com o máximo de antecedência possível.

    O senso comum em Brasília é que Marina Silva pode acabar conseguindo registrar o seu partido, mesmo que seja com algumas pendências. Tudo ficará para a última hora, na primeira semana de outubro, quando faltará um ano para a eleição de 2014 --e é o prazo-limite para filiações. Essa precariedade talvez impeça a Rede de receber o número de adesões de políticos que imaginava.

    Vencida essa etapa, Marina terá então de tentar cristalizar suas intenções de voto, hoje no patamar de 25%, um pouco mais, um pouco menos, a depender de quem serão os adversários. Pesa contra ela o preconceito geral do establishment. Há um catálogo de estereótipos sobre como seria o governo da ex-senadora. Por exemplo, o Brasil se transformaria no país mostrado no desenho animado "Os Simpsons", com uma bagunça generalizada nas ruas.

    Desmontar essa intolerância ao novo é mais difícil do que criar uma legenda. A viabilidade eleitoral de Marina Silva depende mais disso do que da Rede Sustentabilidade.

    fernando rodrigues

    Escreveu até novembro de 2014

    Na Folha, foi editor de "Economia" (hoje "Mercado"), correspondente em Nova York, Washington e Tóquio. Recebeu quatro Prêmios Esso (1997, 2002, 2003 e 2006).

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