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    Fernando Rodrigues

    'Easy Rider'

    24/08/2013 03h00

    BRASÍLIA - A escapadela de Dilma Rousseff na garupa de uma moto Harley-Davidson pelas ruas da capital da República fez mais pela humanização da petista do que todas as outras tentativas em propagandas e discursos oficiais gravados com câmeras e efeitos de cinema. Quem nunca pensou no meio da rotina diária em dar uma fugida, fazer algo fora da caixinha?

    O curioso é que Dilma reagiu mal à notícia desencavada por Valdo Cruz e Andréia Sadi, na Folha de ontem. A presidente teria ficado irritada com a indiscrição do ministro Edison Lobão (Minas e Energia), a fonte da informação. Para sorte da petista, esses seus acessos de mau humor não são vistos pelo público.

    É comum em Brasília trombar com políticos, ministros e autoridades passeando no Parque da Cidade, na região central, no shopping, no supermercado ou no cinema. É claro que a presidente também pode e deve socializar mais, apesar das dificuldades inerentes ao cargo.

    Em Nova York, o prefeito e milionário Michael Bloomberg já foi ao trabalho usando o metrô. O primeiro-ministro da Noruega, Jens Stoltenberg, dirigiu um táxi recentemente --embora alguns passageiros tenham sido selecionados para a ocasião.
    O ministro do Supremo Tribunal Federal Marco Aurélio Mello pilota uma moto Kawasaki de 1.500 cilindradas. O ex-presidente Itamar Franco (1930-2011) usava um Fusca para passear com a namorada. Há muitos outros exemplos. As autoridades fazem bem quando se deixam ver como são pelos brasileiros.

    No caso de Dilma, o que mais se ouve de sua rotina é sobre sua dureza no trato e a tendência a ficar reclusa no Alvorada. Sair do conforto palaciano sem uma comitiva atrás é bom para a petista, mas também para a administração que ela conduz. Afinal, o Brasil real está nas ruas. É útil a presidente vê-lo da garupa de uma moto, e não de dentro de um carro blindado e com ar-condicionado.

    fernando rodrigues

    Escreveu até novembro de 2014

    Na Folha, foi editor de "Economia" (hoje "Mercado"), correspondente em Nova York, Washington e Tóquio. Recebeu quatro Prêmios Esso (1997, 2002, 2003 e 2006).

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