• Colunistas

    Friday, 17-May-2024 01:23:30 -03
    Fernando Rodrigues

    Muita energia, pouco resultado

    26/10/2013 03h00

    BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff trabalhou como nunca para tirar sua popularidade do atoleiro nos últimos quatro meses.

    Em junho, Dilma foi à TV e falou por dez minutos. Propôs pactos para melhorar quase tudo no Brasil. Sugeriu ao Congresso uma reforma política, antecedida de um plebiscito. Começou a viajar pelo país sem parar. Lançou o programa Mais Médicos.

    O PT fez propaganda na TV e turbinou a imagem de Dilma como estadista. A presidente voltou a fazer pronunciamentos em rede nacional em homenagem ao 7 de Setembro e, nesta semana, para celebrar a concessão de uma área do petróleo do pré-sal.

    Se eles existem, os deuses da política também ajudaram Dilma. Um vazamento gigantesco de dados indicou que o Brasil havia sido espionado de maneira torpe pelas agências de inteligência dos EUA. A presidente brasileira surfou sobre a cabeça de seu colega norte-americano, Barack Obama. Durona, cancelou uma visita a Washington. Ganhou fartos minutos de mídia espontânea positiva nos telejornais. Para quem precisava melhorar a popularidade, um episódio assim foi quase como ganhar na Mega-Sena acumulada.

    Mas qual foi o resultado? Modesto, para dizer o mínimo. Em março, o Datafolha apurou que o governo Dilma era aprovado por 65% dos eleitores. No mesmo mês, o Ibope registrava 63%. Em junho, com os protestos de rua e o mau humor geral, as taxas despencaram para 30% e 31%.

    A exposição "megablaster" de Dilma em julho e agosto rendeu algum oxigênio. A aprovação do governo avançou cerca de cinco pontos percentuais. Só que parou. No último dia 11, a taxa de "ótimo" ou "bom" apurada pelo Datafolha era de 38%. Igual à do Ibope, nesta semana.

    Apesar do marketing intenso, Dilma não sai do lugar há dois meses. As taxas não são ruins, decerto. Mas é um patamar temerário para quem aposta numa vitória no primeiro turno na corrida pelo Planalto em 2014.

    fernando rodrigues

    Escreveu até novembro de 2014

    Na Folha, foi editor de "Economia" (hoje "Mercado"), correspondente em Nova York, Washington e Tóquio. Recebeu quatro Prêmios Esso (1997, 2002, 2003 e 2006).

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024