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    Fernando Rodrigues

    Desastre no manejo político

    09/11/2013 03h00

    BRASÍLIA - É um desastre gerencial a emenda constitucional que cria o chamado "Orçamento impositivo".

    É impositivo porque obriga o governo a liberar cerca de R$ 14 milhões por ano para cada deputado e senador. É o dinheiro das emendas ao Orçamento propostas por esses congressistas.

    Nas campanhas eleitorais, os candidatos poderão zanzar pelas ruas com uma plaquinha pendurada no pescoço: "Valor: R$ 14 milhões". Alguns negociarão antecipadamente como usar o dinheiro. É fácil imaginar o nível das traficâncias daí derivadas. Já na saída, um deputado valerá R$ 56 milhões ao longo dos quatro anos de mandato.

    Nessas horas muitos malham o Congresso Nacional. Penso diferente. A culpa por mais essa decisão tresloucada deve ser compartilhada com o Palácio do Planalto. Afinal, se há um fato na política brasileira nunca desmentido, é a genuflexão quase eterna do Legislativo em relação à Presidência da República.

    Quando um Poder submisso como o Congresso começa a aprovar bobagens, não é porque está se tornando mais independente --até porque ali ainda vale a triste máxima segundo a qual, toda vez que um deputado (ou senador) tem uma ideia, o Brasil piora. O que se passa é um vácuo de liderança por parte do Planalto.

    Um desastre na política é como a queda de um avião. Não ocorre por um motivo isolado. O desfecho trágico se dá após uma sucessão de equívocos. Foi o que se passou na administração Dilma Rousseff, desde o início, no manejo das relações entre Executivo e Legislativo.

    A presidente vem tentando reparar seus erros por omissão. Parece ser tarde. Faz reuniões inócuas com gente que sai do Planalto e já liga para jornalistas falando mal do governo.

    A menos de 14 meses do fim de seu mandato, a petista tem pouco a fazer. Já o Brasil só pode lamentar. E torcer para o Congresso ter menos ideias até o fim do ano que vem.

    fernando rodrigues

    Escreveu até novembro de 2014

    Na Folha, foi editor de "Economia" (hoje "Mercado"), correspondente em Nova York, Washington e Tóquio. Recebeu quatro Prêmios Esso (1997, 2002, 2003 e 2006).

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