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    Fernando Rodrigues

    Clima ruim

    02/04/2014 03h00

    BRASÍLIA - O governo ainda não sabe ao certo, mas acha que um conjunto de fatores explica a derrapada na popularidade do governo de Dilma Rousseff. Segundo o Ibope, a administração da petista tem agora 36% de aprovação, apenas seis pontos percentuais a mais do que o piso de 30% atingido em junho do ano passado, na época dos protestos de rua em todo o país.

    O principal foco de mau humor do eleitor, na avaliação do Planalto, seria derivado da proximidade da Copa do Mundo e o "fator comparação" com o cotidiano dos brasileiros. De um lado, estão os estádios luxuosos quase prontos e com entradas vendidas a preços inacessíveis para a maioria dos torcedores.

    Do outro lado, a dura realidade. Há um excesso de grandes obras não concluídas, tapumes em aeroportos, estradas ruins, transporte público péssimo em grandes centros e os já seculares gargalos em áreas clássicas sob a batuta do governo, como segurança, saúde e educação.

    Parte dos tapumes serão removidos ao longo do ano. Estádios serão entregues para os jogos. Alguns aeroportos ficarão prontos. Mas os ônibus continuarão lotados e a vida geral das pessoas não terá avanços significativos no que importa para os cidadãos no seu cotidiano.

    O único alento do governo por enquanto é que a perda de aprovação de Dilma não migrou num primeiro momento para a intenção de votos de candidatos de oposição. Pelo menos, essa era a realidade até o mês de março, quando não havia sido possível captar de maneira integral o efeito do noticiário sobre o caso Petrobras –algo que arranha a imagem de boa gestora sempre propalada a respeito da presidente.

    Houve uma mudança na articulação política dentro do Palácio do Planalto, com a chegada dos experientes Aloizio Mercadante e Ricardo Berzoini. Por mais hábeis que possam ser, milagreiros não são. O clima anda ruim entre governistas.

    fernando rodrigues

    Escreveu até novembro de 2014

    Na Folha, foi editor de "Economia" (hoje "Mercado"), correspondente em Nova York, Washington e Tóquio. Recebeu quatro Prêmios Esso (1997, 2002, 2003 e 2006).

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