• Colunistas

    Saturday, 04-May-2024 10:46:24 -03
    Fernando Rodrigues

    O tranco de 2015

    12/04/2014 03h00

    BRASÍLIA - Ninguém sabe quem vai ganhar a eleição presidencial de outubro, mas o senso comum é que 2015 será um ano de ajustes não importando quem esteja no comando do Planalto. "Ajustes", no caso, é um eufemismo para uma possível recessão visando a consertar os erros na condução da política econômica em anos recentes.

    O governo de Dilma Rousseff joga com esse futuro imediato para emparedar parte do empresariado. Pela lógica dilmista, com o PT no Planalto, o "ajuste" será suave e gradual. As tarifas represadas de combustíveis e energia serão liberadas aos poucos –em até dois ou três anos, como disse nesta semana o presidente do BNDES, Luciano Coutinho.

    Na narrativa governista, se um candidato de oposição ganhar o Planalto, o mais provável é a paulada vir de uma vez. Aécio Neves (PSDB) ou Eduardo Campos (PSB) terão todas as desculpas do mundo para produzir as maldades econômicas já em 2015. A culpa será debitada no PT.

    De forma bem resumida, o governo chama empresários para conversar com a seguinte pegada: "Você está insatisfeito com o baixo crescimento da economia. Mas pense bem. Com a oposição, 2015 vai ser pior ainda para os seus negócios".

    Entram também nessa conversa os juros camaradas do BNDES nos últimos anos e o apoio aos que agora exportam para a Argentina. Num governo do PSDB ou do PSB, haverá outro tipo de política. Aécio Neves e seus pensadores na área econômica têm um desprezo conhecido pelo Mercosul. Ocorre que esse bloco é hoje destinatário de um naco relevante das exportações brasileiras.

    Mais adiante, esse mesmo discurso será adaptado para o eleitor comum. Enfim, um cenário similar a 1998, quando FHC venceu a eleição pregando o medo entre os que sonhavam com mudança, mas temiam as perdas conquistadas com o Plano Real. Daquela vez, deu certo. O tucano foi reeleito no primeiro turno.

    fernando rodrigues

    Escreveu até novembro de 2014

    Na Folha, foi editor de "Economia" (hoje "Mercado"), correspondente em Nova York, Washington e Tóquio. Recebeu quatro Prêmios Esso (1997, 2002, 2003 e 2006).

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024