• Colunistas

    Sunday, 05-May-2024 13:28:30 -03
    Fernando Rodrigues

    A miragem de Dilma

    10/05/2014 02h00

    BRASÍLIA - O Datafolha acaba de fazer uma nova sondagem eleitoral e também sobre a popularidade do governo de Dilma Rousseff.

    Quando se observa a curva de aprovação de Dilma, nota-se que a petista foi vítima de uma miragem depois dos protestos de rua em junho do ano passado. Sua popularidade caiu de 65% para 30%.

    Dilma fez então uma série de movimentos, inclusive alguns que não melhoram em nada sua aprovação popular –como a polêmica proposta de Constituinte exclusiva para a reforma política. Em novembro passado a popularidade da presidente foi a 41%. Era uma miragem. Só que o Planalto enxergou as coisas entrando nos eixos. Nessa crença, mais popularidade viria por decantação.

    A avaliação resultou completamente errada. Na realidade, os 30% de junho de 2013 estavam contaminados pelo momento. Passados os protestos, Dilma apenas voltou para onde já estivera na fase pré-marchas. Ocorre que os seus 40% eram corroídos por uma erosão silenciosa.

    Feliz com a recuperação postiça de popularidade, Dilma sumiu do mapa. Quando fevereiro chegou, os magos do governo acordaram novamente. As coisas não estavam tão bem assim. No começo de abril, a presidente derrapou para 36% de aprovação. Agora, está em 35%.

    Nas últimas semanas, Dilma mergulhou em ações midiáticas. Falou mais com jornalistas, numa abordagem curiosa sobre como se dá o relacionamento de um presidente com a mídia. O contato só existe como um favor ou se há uma crise –quando deveria ser um ato republicano constante de quem exerce o poder.

    E qual foi o efeito da investida de marketing? Nulo (ela ficou no mesmo lugar) ou Dilma estaria pior se não tivesse feito nada? Difícil saber.

    Uma coisa é certa. As reações da presidente sempre parecem pouco estudadas, tardias e com consequências aquém do que desejariam os seus aliados, dentro e fora do PT.

    fernando rodrigues

    Escreveu até novembro de 2014

    Na Folha, foi editor de "Economia" (hoje "Mercado"), correspondente em Nova York, Washington e Tóquio. Recebeu quatro Prêmios Esso (1997, 2002, 2003 e 2006).

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024