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    Fernando Rodrigues

    Vergonha a exorcizar

    11/06/2014 02h00

    BRASÍLIA - Não havia cartazes visíveis com o nome de Dilma Rousseff no local onde foi realizada nesta terça (10) a convenção do PMDB. O partido acabou aprovando a reedição da aliança nacional com o PT, tendo o peemedebista Michel Temer como candidato a vice-presidente.

    A expectativa no PMDB era a de que até 80% dos convencionais do partido ratificassem a chapa Dilma-Temer. O percentual final ficou bem abaixo –só 54% dos votos possíveis.

    Há um clima entranho entre os grupos que apoiam a reeleição de Dilma. A falta de cartazes com o nome da petista no evento do PMDB foi apenas um de múltiplos exemplos.

    Na semana passada, o PP (partido de Paulo Maluf) fez sua propaganda na TV. O bordão principal parecia o de uma legenda de oposição: "Não dá mais". Em seguida, uma explicação curiosa para quem é governo: "A sociedade quer participar e a política e os políticos têm que mudar".

    O PP apoia a administração federal. Manda no Ministério das Cidades. Só que Dilma e suas realizações não apareceram na propaganda da legenda. No lugar, havia frases assim: "Têm muita coisa que está entalada em nossas gargantas. A corrupção, a saúde, a educação e o transporte. Ninguém aguenta mais".

    Na noite desta terça foi a vez do PSD, de Gilberto Kassab. O ex-prefeito de São Paulo tem prometido apoiar oficialmente a reeleição de Dilma, mas optou por não mostrar nem falar da presidente na propaganda de dez minutos na TV. Já o Plano Real, do tucano Fernando Henrique Cardoso, foi mencionado logo no início, de maneira explícita e bem positiva.

    PMDB, PP, PSD e até setores do PT parecem incomodados na hora de elogiar o governo Dilma. As propagandas recentes de PP e PSD mais atrapalham do que ajudam o Planalto. Juras de amor em privado são insuficientes. Na campanha, Dilma terá de encontrar uma fórmula para exorcizar essa atitude envergonhada de alguns de seus aliados.

    fernando rodrigues

    Escreveu até novembro de 2014

    Na Folha, foi editor de "Economia" (hoje "Mercado"), correspondente em Nova York, Washington e Tóquio. Recebeu quatro Prêmios Esso (1997, 2002, 2003 e 2006).

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