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    Fernando Rodrigues

    Mudanças em São Paulo

    28/06/2014 02h00

    BRASÍLIA - Ao decidir que o tempo de rádio e de TV do seu partido vai para Paulo Skaf (PMDB) no Estado de São Paulo, Gilberto Kassab protagonizou um fato relevante da política nesta semana que se encerra.

    O PSD, de Kassab, tem o terceiro maior tempo de propaganda eleitoral no país, empatado com o PSDB. Só fica atrás de PT e PMDB.

    A decisão de Kassab tem forte impacto por duas razões principais. Primeiro, permite que o mais competitivo candidato de oposição na corrida pelo Palácio dos Bandeirantes tenha o maior espaço possível no palanque eletrônico. Segundo, porque a candidatura de Paulo Skaf poderá ajudar a alavancar a reeleição de Dilma Rousseff em solo paulista, uma vez que o nome petista local, Alexandre Padilha, está se desmilinguindo.

    São Paulo é o maior colégio eleitoral do país. Dilma Rousseff enfrenta forte rejeição nesse Estado. É claro que é sempre possível vencer a eleição presidencial perdendo a disputa paulista, mas tudo fica mais complexo se a derrota for acachapante.
    Na pesquisa Datafolha do início de junho, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) liderava com 47% das intenções de voto. Paulo Skaf tinha 21%. E Padilha amargava meros 4%. Com o tempo amplo na TV e no rádio, o peemedebista passa a ter mais potencial de crescimento.

    Deve-se também levar em conta que o marqueteiro de Skaf é o experiente Duda Mendonça –artífice do discurso moderado na primeira eleição presidencial de Lula, em 2002. Duda nunca se deu bem em disputas pelo governo de São Paulo. Uma vitória o reabilitará plenamente depois do desterro a que foi submetido por causa do mensalão. Embora absolvido, nunca mais foi o profissional festejado de antes.

    No mais, São Paulo é o epítome da indiferenciação entre partidos. Dilma Rousseff e o PT podem ser salvos por um empresário da Fiesp (Skaf) e um ex-prefeito (Kassab) que por onde passa é vaiado pelos petistas.

    fernando rodrigues

    Escreveu até novembro de 2014

    Na Folha, foi editor de "Economia" (hoje "Mercado"), correspondente em Nova York, Washington e Tóquio. Recebeu quatro Prêmios Esso (1997, 2002, 2003 e 2006).

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