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    Fernando Rodrigues

    A torcida postiça na política

    02/07/2014 02h00

    BRASÍLIA - "O PSDB nunca esteve tão unido" foi a frase mais ouvida nos últimos meses no entorno do maior partido de oposição brasileiro. Na prática, essa assertiva ainda terá de ser comprovada.

    Tome-se o caso de São Paulo. O governador Geraldo Alckmin (PSDB) tenta se reeleger. Mira uma possível candidatura presidencial em 2018. Mas se o tucano Aécio Neves for bem-sucedido agora na corrida pelo Palácio do Planalto, certamente tentará um segundo mandato em 2018.

    Para Alckmin, é melhor que Aécio vença ou perca a disputa presidencial deste ano? Depende. Se Aécio se transformar numa potência eleitoral e favoritíssimo na disputa de outubro –situação ainda inexistente"", o paulista terá de se alinhar e honrar as juras de fidelidade eterna.

    E se Aécio patinar na faixa de 20% a 25% das intenções de voto? E se Dilma Rousseff (PT), com seu mundo maravilhoso (sic) mostrado nas propagandas estatais na TV, se consolidar como forte concorrente a ficar mais quatro anos no Planalto? O cenário então muda. Até porque, se o projeto nacional petista se fortalecer, Alckmin sabe que hostilizar Dilma Rousseff colocaria em risco seu objetivo de passar mais quatro anos no Palácio dos Bandeirantes.

    Quem conhece bem essa equação é Aécio. Em 2006, estimulou em Minas Gerais o voto "lulécio" –Lula para presidente, Aécio para governador. À época, o candidato a presidente tucano era Geraldo Alckmin.

    Desde 1994, as disputas para presidente e governadores de Estado são casadas. Há uma simbiose enorme entre o chefe do Executivo local e o nacional durante uma campanha.

    A tal união do PSDB está condicionada ao desempenho de Aécio. Uma vez competitivo, Alckmin o apoiará.

    Mal comparando, Aécio está como os times de futebol no Brasil. A torcida só aplaude depois que a equipe já fez um gol, está na frente e jogando bem. Antes, ficam todos (há exceções) quase mudos na arquibancada.

    fernando rodrigues

    Escreveu até novembro de 2014

    Na Folha, foi editor de "Economia" (hoje "Mercado"), correspondente em Nova York, Washington e Tóquio. Recebeu quatro Prêmios Esso (1997, 2002, 2003 e 2006).

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