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    Fernando Rodrigues

    Populismo no futebol

    12/07/2014 02h00

    BRASÍLIA - Dilma Rousseff quer uma "renovação" do futebol. Seu ministro do Esporte, Aldo Rebelo, falou, depois recuou, sobre "intervenção indireta" na gestão desse esporte. Um site bancado pelo PT afirmou que a CBF é responsável pela "desorganização" do futebol brasileiro.

    Os maiores responsáveis pela bagunça do futebol brasileiro são os governantes sucessivos que passam a mão na cabeça de dirigentes de clubes inescrupulosos e incompetentes.

    Os cerca de 300 times de futebol no Brasil devem cerca de R$ 4 bilhões. A cifra é de 2012. Pode ser muito maior agora. Um projeto de lei apoiado pelo Planalto pretende dar um desconto e refinanciar esses débitos por um prazo de 25 anos.

    A contrapartida seria exigir dos times o pagamento em dia de suas contas, punindo com o rebaixamento os que atrasarem as prestações ou os salários de atletas. Vai funcionar? Difícil. A CBF (Confederação Brasileira de Futebol) teria de aceitar tal procedimento –retirar pontos de um clube no Campeonato Brasileiro quando ocorrer o calote de dívida.

    A Fifa, órgão que comanda o futebol mundial, não aceita a intervenção de governos nas regras de campeonatos organizados por entidades associadas, como a CBF. Ou seja, não tem saída dentro dessa proposta populista agora abraçada pelo Palácio do Planalto. A chance de sair só o perdão das dívidas sem nada em troca é enorme.

    A solução real é dolorosa: executar judicialmente essa dívida de R$ 4 bilhões. Muitos clubes vão falir. Grandes da Série A do Campeonato Brasileiro podem fechar as portas. O Brasil ficará melhor. Será pedagógico. Quem sobrar terá de pedir ajuda aos seus sócios. Serão cobrados a ter uma gestão mais profissional. Afinal, trata-se de uma atividade privada.

    Falar em renovação do futebol em época de Copa do Mundo e sinalizar com um perdão de dívidas bilionárias é populismo. Esse é o caminho com o qual Dilma está flertando.

    fernando rodrigues

    Escreveu até novembro de 2014

    Na Folha, foi editor de "Economia" (hoje "Mercado"), correspondente em Nova York, Washington e Tóquio. Recebeu quatro Prêmios Esso (1997, 2002, 2003 e 2006).

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