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    Fernando Rodrigues

    Vencer é um detalhe

    11/10/2014 02h00

    BRASÍLIA - O técnico de futebol Carlos Alberto Parreira disse uma vez que o gol era só um detalhe. Foi crucificado. Mas ele estava certo. Sem treinamento, jogo coletivo, talentos individuais, esforço constante e uma defesa que recupere a bola e saiba sair jogando, é difícil um time marcar um gol e ganhar a partida.

    A metáfora vale também para a política e eleições. Quando um prefeito, governador ou presidente da República perde uma eleição, é raro a derrota se dar por causa de um fato fortuito. Às vezes, pode acontecer (como um gol contra no futebol). Mas o mais lógico é a soma do trabalho durante quatro anos acabar se refletindo nas urnas.

    A presidente Dilma Rousseff chega a este momento, faltando duas semanas para o segundo turno da corrida presidencial, com 49% de intenções de voto e 43% de rejeição. Numa conta simples, conclui-se que pode pescar apoios em apenas 8% do eleitorado. Não é impossível, mas tampouco é fácil ou simples.

    Pior para Dilma é o clima de país partido que ela e o PT estimularam nas últimas décadas. Na narrativa petista, o Brasil hoje se divide entre ricos contra pobres, regiões Norte e Nordeste contra as demais. Nesse clima beligerante –apesar da roupa azul clara na sua primeira propaganda de TV– não é fácil em duas semanas estender a mão, dizer que o "governo novo" terá "ideias novas".

    Pode ser que no dia 26 de outubro a contabilização dos votos pela Justiça Eleitoral dê mais quatro anos para Dilma. Nesse caso, estará validada toda a tática usada até agora, o discurso do medo, o estímulo ao ódio e ao combate em áreas nas quais seria melhor buscar convergências.

    No caso de Aécio Neves, o PSDB portou-se como aquele jogador que ficou quase parado, perto da área adversária. Uma bola parece ter sobrado e há boas condições para marcar o gol. Mas, como dizem os comentaristas esportivos, nessas horas, o chute não precisa de força. É só jeito.

    fernando rodrigues

    Escreveu até novembro de 2014

    Na Folha, foi editor de "Economia" (hoje "Mercado"), correspondente em Nova York, Washington e Tóquio. Recebeu quatro Prêmios Esso (1997, 2002, 2003 e 2006).

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