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    Fernando Rodrigues

    Uma eleição de recordes

    25/10/2014 02h00

    BRASÍLIA - Como a democracia brasileira é jovem, a cada eleição registram-se alguns ineditismos. Será assim amanhã, com a escolha do próximo presidente da República.

    Se Dilma Rousseff (PT) ganhar mais quatro anos no Planalto, ela será a primeira mulher a conseguir tal feito. Estará também consignada uma outra lógica: presidentes que disputam a reeleição têm sucesso nas urnas. Foi assim com Fernando Henrique Cardoso, em 1998, e com Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006.

    Em caso de vitória, Dilma governará até 2018, quando o PT completará 16 anos no poder. Nunca na história verdadeiramente democrática do Brasil um único partido comandou o país por tanto tempo.

    Na hipótese de Aécio Neves (PSDB) ganhar, sua vitória significará a chegada ao poder do primeiro político que fez carreira majoritariamente no Brasil pós-ditadura. Seria uma troca geracional relevante num país que muitas vezes vive mais do passado do que do presente ou do futuro.

    Mas o maior recorde talvez seja a realização das eleições em si. Apesar do clima beligerante entre os candidatos a presidente, não há dúvidas na sociedade a respeito da lisura da disputa –o nível de fraudes ou urnas com defeito fica sempre perto de 0,5% do total.

    Tampouco se coloca em dúvida a solidez das instituições: ganhe quem for, tomará posse no dia 1º de janeiro de 2015. Nessa data, escrevo isso sempre e acho importante repetir, o país terá realizado sete eleições presidenciais diretas consecutivas com a posse do eleito. O fato é único na história brasileira.

    O aspecto negativo da atual corrida presidencial fica para o quadro político fracionado que vai emergir na segunda-feira. O próximo presidente terá enormes dificuldades na construção de algum consenso. É um desafio que nenhum dos anteriores enfrentou e será mais um teste sobre o grau de maturidade da democracia local.

    fernando rodrigues

    Escreveu até novembro de 2014

    Na Folha, foi editor de "Economia" (hoje "Mercado"), correspondente em Nova York, Washington e Tóquio. Recebeu quatro Prêmios Esso (1997, 2002, 2003 e 2006).

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