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    Fernando Rodrigues

    Corrupção

    01/11/2014 02h00

    BRASÍLIA - Corrupção nunca acaba. Pode e deve ser combatida. Mas onde houver dinheiro e interesses, públicos e privados, sempre haverá algum tipo de roubalheira.

    Em todos os anos pares (aqueles em que há eleição, como este de 2014), os brasileiros ficamos com a impressão de que a corrupção aumenta de forma exponencial. Tenho dúvidas a respeito dessa percepção.

    É impossível medir se há hoje mais ou menos corrupção do que nos anos 1990. As instituições eram diferentes. Outro erro é idolatrar o período da ditadura militar (1964-1985) ou anteriores. Volta e meia nas redes sociais alguém diz que alguns generais morreram pobres, o que não prova nada. À época, centenas de empresas ganharam dinheiro fácil com a proteção indecente do mercado para a produção nacional incompetente, como na área de informática.

    Durante a fase final da corrida presidencial, Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) ficaram a um milímetro de se acusarem mutuamente de ladrões. Acho ótimo que petistas e tucanos duelem a respeito de quem foi mais ou menos leniente no governo com atos de corrupção.

    É bom o assunto não sair de cena. Nada a ver com o udenismo regressivo do passado. Trata-se apenas de martelar o conceito de que o patrimônio público deve ser preservado para o bem comum dos cidadãos.

    Nesta semana o Conselho Nacional de Justiça publicou uma compilação sobre processos de corrupção (improbidade e crimes contra a administração pública) que tiveram início até dezembro de 2012 e estavam ainda sem julgamento. Eram 86.418 processos nas Justiças estaduais. Até julho deste ano, 30.911 foram julgados. Houve 6.107 condenações. É pouco ou muito? Não se sabe, pois o levantamento nunca havia sido realizado antes –o que já é um sinal de que as coisas estão melhorando.

    Esse é o problema do Brasil. O rumo parece correto, mas falta muito a percorrer e o progresso é lentíssimo.

    fernando rodrigues

    Escreveu até novembro de 2014

    Na Folha, foi editor de "Economia" (hoje "Mercado"), correspondente em Nova York, Washington e Tóquio. Recebeu quatro Prêmios Esso (1997, 2002, 2003 e 2006).

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