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    Francisco Jordão

    "Lograr êxito"

    17/01/2016 02h00

    O advento do mensalão, da Lava Jato e de tantas outras operações levou para a prisão gente capaz de contratar aquelas que são consideradas as melhores e mais caras bancas de criminalistas do país.

    Advogados que não apenas advogam, como se diz no meio político, mas que transitam, que sabem com quem compartilhar uma garrafa de um bom "scotch" (ou um vinho reserva qualquer) e que são sempre atendidos quando batem nas portas certas.

    Essa tropa de elite da advocacia preparou uma carta aberta de repúdio contra a Lava Jato onde diz que "nunca houve um caso penal em que as violações às regras mínimas para um justo processo estejam ocorrendo em relação a um número tão grande de réus e de forma tão sistemática". O texto chama de "neoinquisição" o atual momento e fala em "regime de supressão episódica de direitos e garantias".

    Parte das críticas é dirigida às decisões tomadas por Sérgio Moro, mas os 105 advogados que assinam o texto optaram por não mencionar o nome do juiz.

    Lá de Curitiba, Moro virou uma segunda estrela pop do Judiciário tupiniquim -a primeira foi Joaquim Barbosa- depois de condenar e manter na prisão políticos e empresários que antes só eram vistos em partes mais nobres do noticiário. Até agora, as decisões dele têm sido, em sua grande maioria, referendadas pelas instâncias superiores.

    Então, com qual intuito juízes estariam agindo em conluio? Estariam os magistrados cedendo ao clamor de parte da população que comemora quando ricos e políticos vão presos?

    A carta dos advogados traz acusações muito graves, mas se os questionamentos da defesa continuarem genéricos serão vistos como mais uma forma de pressão comum aos que não conseguem, usando a terminologia policial, "lograr êxito" em suas ações nos tribunais.

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