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    Futebol na Rede - Dani Blaschkauer, Humberto Luiz Peron

    Pé atrás com os gestores profissionais

    DE SÃO PAULO

    30/01/2013 13h12

    Profissionalização. Essa é a palavra mais usada pelos dirigentes tradicionais quando assumem a direção de um clube, a exemplo de Flamengo e Palmeiras nos últimos dias. Os palmeirenses, inclusive, comemoraram muito a contratação de José Carlos Brunoro para gerenciar e comandar o clube - profissional famoso por ter dirigido o futebol na época que o clube tinha uma parceria vitoriosa com a Parmalat, na década de 1990.

    Eu, como sempre, tenho algumas reservas com aqueles que aparecem como salvadores de clubes. Posso parecer pessimista, mas todos os nomes que muitos tentaram nos vender como a solução e que indicariam um novo caminho para os nossos combalidos times se tornaram um retumbante fracasso quando assumiram sua direção.

    E aqui não faltam intelectuais, economistas, empresários de sucesso e ex-atletas de carreiras vitoriosas. Por isso, fico sempre desconfiado quando uma equipe acha que vai se tornar um exemplo de profissionalização por contratar um gerente, diretor executivo, supervisor - pode ter o nome que for.

    A pressão sobre o dirigente amador de seus correligionários políticos e da torcida por resultados rápidos faz que a fase de encantamento com o gestor profissional acabe logo. Com a cultura de nosso futebol, em que o que importa é apenas a vitória no próximo jogo, é impossível fazer um planejamento a médio e longo prazos.

    Nenhum dirigente tem a coragem de dizer a sua torcida que o clube nesta temporada não tem condições de brigar por nenhum título e que os resultados só devem aparecer no próximo ano. Em alguns clubes o diretor profissional serve apenas de escudo para os dirigentes do time, só isso. E, na primeira pressão política, são mandados embora e trocados por uma pessoa que conhece a história e a política da agremiação.

    Também é preciso lembrar aos nossos cartolas que, para existir uma profissionalização completa de um clube, é preciso uma equipe de gestores de gabarito, e não apenas um nome trabalhando sozinho.

    Os clubes precisam mudar muito para aceitar um diretor executivo, mas também é preciso lembrar que ainda temos poucas pessoas capacitadas para exercer um cargo assim e transformarem os nossos clubes em algo para ter orgulho.

    Apesar de já existirem inúmeros cursos de gestão do esporte, alguns dos diretores remunerados só se diferenciam dos cartolas tradicionais por importarem termos do mundo corporativo para o futebol - como budget, bussines plan, management e relação custo/benefício -, e que por isso são taxados de modernos.

    Aqui você já teve ter pensando em vários nomes de dirigentes profissionais que tiveram sucesso. Mas peço sua reflexão, pois todos esses nomes só levaram seus times à vitória quando tinham rios de dinheiro para administrar.

    Quando se trabalha com um orçamento muito superior a outros times no futebol, é muito mais fácil ser taxado de competente. Até porque os cofres cheios - e também os vários títulos - escondem os inúmeros erros que esses gestores cometem. Portanto, ainda não temos um gestor esportivo que possa ser considerado um craque.

    Concordo que o caminho para a salvação do nosso futebol é um choque de administração nos clubes. Só não chancelo essa supervalorização dos gestores profissionais - fato semelhante ao que aconteceu com os técnicos brasileiros na década de 1990, quando esses passaram a ganhar verdadeiras fortunas.

    Precisamos lembrar que, no futebol, sempre vai vencer aquele time que mais craques tiver em campo. Que os dirigentes profissionais sejam competentes para formar os melhores elencos para os times que trabalham.

    Até a próxima!

    Mais pitacos em: @humbertoperon

    DESTAQUE

    Acho precipitada a cobrança que se faz ao trabalho de PH Ganso. O fato de ele ter perdido a condição de titular do São Paulo nesse início de ano não quer dizer que sua contratação foi um erro. É preciso ter paciência com o meia, um jogador raro em nosso futebol atualmente, que, tão logo esteja em sua melhor forma e também totalmente ambientado ao seu novo clube, vai mostrar o grande jogador que é.

    ERA PARA SER DESTAQUE

    Aos poucos, vão sendo inaugurados os novos estádios - desculpe, mas não consigo usar o termo arena para campos de futebol - que serão utilizados na Copa das Confederações e na Copa do Mundo. Mas, mais do que admirarmos a beleza das imponentes construções, é preciso ficar atento às vias de acesso a esses locais. Parece que, com a entrega do estádio, a cidade já está pronta para sediar o evento, o que está muito longe de ser verdade. E o que me deixa ainda mais preocupado é que, desde que o Brasil foi escolhido para ser sede do Mundial, pouco se investiu no treinamento das pessoas que trabalham no setor de serviços, o que pode dar margem a muita dor de cabeça no atendimento aos turistas.

    humberto luiz peron

    Escreveu até dezembro de 2013

    É jornalista esportivo, especializado na cobertura de futebol, editor da revista "Monet" e colaborador do diário "Lance".

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