As duas equipes fizeram uma partida muito boa no último fim de semana. Nos 90 minutos, o jogo mostrou boas participações de ambos os times, com os rivais se revezando no comando da partida e, no final, o empate em dois gols acabou sendo justo.

Essa descrição poderia ser de qualquer clássico, mas só um Corinthians e Palmeiras para termos igualdade de forças, mesmo num jogo que colocou frente a frente um time recheado de bons jogadores, muito bem entrosado e que é o atual campeão do Mundo e seu maior rival, traumatizado com a queda para a Série B e com um elenco infinitivamente pior.

Lógico que não podemos esquecer a grandeza do São Paulo, que, em muitas oportunidades, esteve muito à frente de Palmeiras e Corinthians. Mas, mesmo com a mais de uma dezena de confrontos entre Corinthians e São Paulo que deve ocorrer em 2013 - inclusive a decisão da Recopa Sul-americana -, afirmo que nenhuma dessas partidas vai trazer a mesma emoção do último Corinthians e Palmeiras, que infelizmente deve ter sido o único dérbi da temporada.

Os são-paulinos também não precisam me lembrar da vitória de uma equipe mista do time do Morumbi sobre um Corinthians completo no final do ano passado. Mas aquele jogo era praticamente um amistoso, em que o alvinegro estava pronto para o embarque para o Japão.

A magia do clássico entre Corinthians e Palmeiras está na semelhança de suas trajetórias. Os dois gigantes têm histórias muito parecidas, tiveram praticamente a mesma origem, passaram pelos mesmos problemas e triunfaram igualmente, ou seja, eles se equiparam nos momentos de glória e nos períodos de vacas magras.

E, em razão dessa identidade, a rivalidade entre palmeirenses e corintianos, em alguns momentos, chega até a ser solidária (aqui estou falando daqueles torcedores tradicionais dos dois clubes e não a minoria de bandidos que se esconde como membros de torcidas organizadas e que fazem de tudo para acabar com essa rivalidade e a querem transformar em uma guerra).

Uma das razões para o clima entre palmeirenses e corintianos ser diferente é porque, na maioria dos casos, ele vem - literalmente - de berço. São muitas as histórias de famílias em que todos torcem por um dos times e, do nada, surge uma ou duas ovelhas-negras - ou verdes.

Nas disputas entre Palmeiras e São Paulo e Corinthians e São Paulo, o clima é mais bélico. Os palmeirenses têm rixa com os são-paulinos porque os dirigentes do São Paulo articularam para a mudança do nome de Palestra Itália para Palmeiras e ainda tentaram invadir e tomar a sede do clube durante a Segunda Guerra Mundial.

Os corintianos, por sua vez, não perdem a chance de fazer piadas maldosas contra os são-paulinos. Já os torcedores do São Paulo - e muitos de seus diretores - adotam uma postura de extrema arrogância quando se declaram superiores em tudo a seus dois rivais.

Corinthians e Palmeiras já não dividem a metrópole como antigamente, mas ainda é o jogo que todos querem acompanhar. O resultado no tradicional dérbi ainda pode valer mais que a colocação em um campeonato.

Até a próxima!
Mais pitacos: @humbertoperon

DESTAQUE
A grande decepção do Campeonato Paulista, até agora, é o Santos. Mesmo contratando vários reforços, o time continua dependendo muito das atuações de Neymar. Diferentemente de São Paulo, Palmeiras e Corinthians, que estão na Copa Libertadores, o time de Muricy Ramalho, que, por enquanto só disputa o torneio estadual, já deveria estar apresentando um futebol melhor.

ERA PARA SER DESTAQUE
Para a Ponte Preta e o Linense, que respectivamente são o líder e o vice-líder do Campeonato Paulista. Mesmo com o abismo de orçamento com os grandes clubes do estado, os dois são as equipes que ainda não perderam no torneio após oito rodadas.