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    Futebol na Rede

    Complexo de inferioridade

    DE SÃO PAULO

    23/04/2013 14h00

    Todos os times grandes já passaram por momentos complicados em suas histórias. E é muito comum atribuir aos outros esses maus períodos. O grande problema é quando essas desculpas se transformam em complexo de inferioridade, fragilizando ainda mais o clube. Confira os sintomas mais comuns de baixa estima em uma equipe.

    Mania de Perseguição
    Quando um time entra em uma sequência de resultados negativos, logo surgem as teorias de que o clube é alvo das mais temíveis conspirações. Lógico que, para os fanáticos, elas têm origem na imprensa. Torcedores, dirigentes e jogadores insistem em dizer que os jornalistas perseguem o clube, noticiando apenas o que ele tem de pior, desqualificando os profissionais, e qualquer fato novo em terreno adversário é motivo de elogio. Quando um time está patinando, sempre há um boicote - muitas vezes velado - aos órgãos de imprensa e, em entrevistas, os personagens ficam constantemente na defensiva ou dão respostas monossilábicas para fugir do assunto. Além da imprensa, há sempre reclamações contra a arbitragem, que parecem prejudicar apenas a esse time.

    O Empate já está de bom tamanho
    Toda vez que isso é dito, o time invariavelmente acaba derrotado. Não existe uma maneira mais clara de afirmar que o adversário é superior e que o máximo que se pode conseguir é um empate, e que deve ser comemorado com louvor.

    Aposta na tradição da camisa
    Times em baixa adoram lembrar seus momentos gloriosos. A saudade traz a ilusão de que o time pode equilibrar qualquer jogo apenas com a força da tradição. Aqui vale tudo, até citar vitórias tidas como impossíveis.

    Festeja demais pequenos feitos
    Dizer que o time não perde para um rival há seis meses, festejar uma goleada contra um time que está no meio da tabela e, principalmente, vibrar com um resultado que prejudicou um concorrente, mesmo que seja um clube nanico que foi rebaixado para a segunda divisão, são apenas modos de fugir da má fase. Em algumas situações é comemorada até os problemas de um ex-ídolo que está em outro time.

    Surge um ídolo e um culpado por semana
    Times com a autoestima baixa precisam de ídolos - talvez salvadores. Por isso, a cada partida é preciso arranjar um novo craque. Caso aquele perna de pau faça o gol da vitória ele já é comparado com um dos grandes artilheiros da história da agremiação. Da mesma forma, no caso de derrota, é preciso achar um culpado, aquele que vai expiar todos os pecados das últimas frustrações - muitas vezes esse personagem acaba sendo o próprio técnico.

    Os jogadores entregaram a partida
    Em casos extremos, como uma derrota inexplicável ou uma goleada sofrida, não são poucos que atribuem o fracasso histórico aos atletas, que teriam feito corpo mole e facilitaram as coisas para o adversário. Os motivos alegados para a "entrega" da partida são sempre os mesmos: tentativa de derrubar o treinador, um descontentamento com a diretoria ou atraso no pagamento dos vencimentos.

    A torcida é convocada
    Quem mais sofre com o mau momento dos clubes é a torcida. Mas ela é sempre convocada e tem a missão de ajudar o time quando ele passa por dificuldades.

    No futebol, como na vida, nos momentos de baixa, é preciso, antes de tudo, reconhecer nossos erros antes de jogar a culpa das derrotas nas costas dos outros.

    Mais pitacos em: @humbertoperon
    Até a próxima!

    DESTAQUE - 1
    Na Libertadores, confio que Corinthians e Fluminense vão passar pelas oitavas e são favoritos destacados em seus confrontos contra Boca Jrs. e Emelec, respectivamente. Já Palmeiras, que enfrenta o Tijuana, e Grêmio, que pega o Santa Fé, vão ter jogos parelhos e que podem ser decididos no critério do gol marcado fora de casa. Na equilibrada disputa entre Atlético-MG e São Paulo, apesar da vitória do time paulista no último jogo da fase de classificação, aponto os mineiros com mais chances de vencer o duelo.

    DESTAQUE - 2
    Já no Campeonato Paulista, o Santos aparece como favorito para conquistar o título. Principalmente porque o time de Muricy Ramalho só disputa esse torneio, enquanto seus principais concorrentes - inclusive o Palmeiras, seu adversário nas quartas de final - pensam mais em continuar disputando a Copa Libertadores.

    ERA PARA SER DESTAQUE
    A contusão de Fernando Prass e de tantos outros goleiros nos últimos tempos mostra que os atacantes estão indo com muita vontade em bolas perdidas. O atacante do Ituano não teve a intenção de machucar o arqueiro, mas ele não deveria disputar aquela bola, que era toda do guardião. Os atacantes reclamam com razão da maneira como os guardiões erguem as pernas quando saem do gol, mas parece que não há alternativa para eles na hora de escapar das entradas duras dos avantes.

    humberto luiz peron

    Escreveu até dezembro de 2013

    É jornalista esportivo, especializado na cobertura de futebol, editor da revista "Monet" e colaborador do diário "Lance".

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