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    Futebol na Rede

    Futebol de segunda classe

    DE SÃO PAULO

    29/05/2013 12h51

    É duro ter de admitir que um jogador jovem como Neymar --já tinha acontecido com Lucas no final do ano passado-- só conseguirá mostrar que é um grande jogador se atuar na Europa. Atualmente, com o baixo nível técnico do futebol que é jogado no Brasil, não é possível dizer se qualquer profissional pode realmente ser chamado de grande jogador.

    Infelizmente, os elencos do futebol brasileiro hoje são formados por alguns novatos com algum talento, veteranos que não aguentam o ritmo do futebol no exterior e enxergam aqui a chance de ganhar um bom dinheiro no final de carreira e ter o destaque técnico que não teriam se jogassem em qualquer liga mediana da Europa, e um punhado de profissionais de segunda classe, que só servem de coadjuvantes para novatos e veteranos.

    Pare e pense. Qual seria o grande jogador que seu time poderia contratar de um rival agora e resolveria alguns problemas do clube? São muitos raros. Não temos, hoje, em times brasileiros um jogador de primeira linha no auge da carreira, que é entre os 25 e 30 anos.

    Qualquer torcedor, inclusive das equipes que estão ganhando muitos títulos nos últimos anos, vai perceber que a qualidade das equipes cai temporada após temporada. Vemos em times da Série A jogadores extremamente limitados, e em quase todas as equipes não encontramos um elenco em que se consiga ter dois jogadores razoáveis para cada posição.

    Não sei se todos estão percebendo quanto os chamados times grandes do país estão cada vez mais assumindo o papel que era dos clubes chamados pequenos há 20 ou 30 anos. Não faz tanto tempo assim, a sequência de qualquer jogador era a seguinte: ele surgia num clube do interior, jogava num time grande e, depois, era chamado para um centro maior ou para o exterior.

    Agora, qualquer time que nós gostamos de chamar de "grandes" não é mais o objetivo dos atletas e de quem cuida de suas carreiras. O clube tradicional é apenas uma vitrine para valorizar o jogador, nada mais do que isso.

    Falando em valorização, é bom lembrar que os brasileiros cada vez mais perdem espaço nas principais equipes. Tirando os casos já citados de Neymar e Lucas, nossos jogadores custam bem menos que atletas de outros países e vão para ligas medianas da Europa.

    Temos de parar urgentemente com a ilusão que foi criada nos últimos anos de que, com a multiplicação de receitas dos clubes, nosso futebol está ficando muito mais forte. Infelizmente, o crescimento financeiro das agremiações ainda não é proporcional ao crescimento técnico das equipes.

    Sei que pode parecer loucura alguém escrever isso no momento que temos o atual campeão do Mundo, o Corinthians, e alguns títulos seguidos da Copa Libertadores. Mas não há como ficar satisfeito com o nível de futebol de segunda classe que estamos nos acostumando a ver em nosso país. O Brasil não pode ter como destino um futebol de segunda classe - e muito menos se conformar com essa situação.

    Até a próxima!
    Mais pitacos em: @humbertoperon

    DESTAQUE
    A diretoria do Palmeiras cometeu um erro ao aumentar abusivamente o preço dos ingressos para a partida de estreia do time na Série B. A medida só afastou o torcedor do estádio - pouco mais de 4 mil - no momento que seria ideal para aproximar ainda mais o clube de seus fãs. Está certo que a intenção era incrementar o programa de sócio-torcedor do clube, mas não se consegue mais associados se o palmeirense não vai ao estádio. Pelo menos, o clube, para as próximas partidas, voltou atrás e reduziu o valor do preço dos ingressos.

    ERA PARA SER DESTAQUE
    Começar o Campeonato Brasileiro antes do início da Copa das Confederações foi um grande erro. Teremos cinco rodadas sem nenhum interesse de público. Até para a maioria dos times, o torneio parece que nem teve início, pois eles deixam bem claro que só vão correr atrás de reforços e pensar em acertar suas equipes em julho, após o término da competição organizada pela Fifa.

    humberto luiz peron

    Escreveu até dezembro de 2013

    É jornalista esportivo, especializado na cobertura de futebol, editor da revista "Monet" e colaborador do diário "Lance".

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