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    Futebol na Rede - Rafael Valente

    Tudo (ou nada) por apenas um resultado

    24/07/2013 14h17

    No futebol, sempre vai valer o apenas resultado. Um time pode ter uma temporada perfeita, mas basta uma derrota ou a perda de um título para que tudo aquilo que era apontado como pontos fortes se transformem rapidamente nas piores qualidades possíveis. Cito aqui algumas características que podem mudar rapidamente de status caso apenas um chute tivesse se transformado no gol da vitória.

    O craque ou o amarelão
    Para a maioria, um craque fica marcado por ter conquistas no currículo. Não adianta ele ter sido fundamental na campanha se nos jogos decisivos ele não conseguir repetir o que fez de melhor. Em caso de fracasso de seu time, ele vai ser taxado como "jogador que só atua bem em jogos sem importância" ou "amarelão". Por esse pensamento, vários craques nunca tiveram seu grande talento reconhecido e vários profissionais de um nível mediano foram tratados como gênios ou jogadores decisivos.

    O vencedor ou o pé-frio
    Uma grande conquista já transforma qualquer profissional em um vencedor, pois sempre será lembrado o triunfo quando ele disputar um jogo decisivo. Mas, se ele acumular uma série de competições sempre brigando pelo primeiro lugar, mas não conseguir erguer a taça, logo será chamado de "pé-frio". Jogadores são taxados assim, mas são os técnicos que sofrem mais com esse rótulo jocoso. Chamar um treinador de "pé-frio" é muito mais fácil que dizer que o treinador fez um trabalho muito bom e que fez o time jogar mais que poderia durante toda a competição.

    O estrategista ou o retranqueiro
    Outras características que sempre são atribuídas aos treinadores. Uma simples substituição, como a de trocar um atacante por um volante, pode ter opiniões distintas conforme o resultado da partida. Se o time conquista o resultado positivo, o técnico é visto como um grande estrategista, pois conseguiu segurar o adversário com apenas uma troca. Já, se o resultado final não é favorável, o treinador é classificado como um covarde, já que colocou o time na defesa e acabou dando oportunidades de o time adversário atacar.

    A continuidade ou a troca de comando técnico
    Em caso de triunfo, todos os elogios serão feitos aos dirigentes que mantiveram o treinador no cargo no período em que a equipe passou por um período de turbulência durante a temporada. Já, em caso de fracasso, não faltarão aqueles que apontarão a imprudência dos dirigentes de não terem trocado o técnico, que já não tinha a confiança dos jogadores e, sobretudo, dos líderes do elenco.

    A amizade ou o profissionalismo
    O grande espírito de união entre todos sempre é citada como uma das principais características dos times que vencem. Não faltam discursos de companheirismo, exemplo de amizades entre jogadores e suas famílias. Já, no caso de um revés, esse suposto companheirismo ao extremo é questionado, inclusive por jogadores que fazem parte do elenco. Muitos vão afirmar, após a derrota, que a forte amizade influenciava na escalação da equipe e que o treinador não cobrava muito de alguns atletas.

    O passional ou o tranquilo
    Todo torcedor quer que o jogador em campo seja exatamente como ele. Ou seja, vibre, mostre garra, chore e defenda seu time com todas as forças. O torcedor chega a chorar quando vê um jogador ou treinador vibrando com ele após uma vitória. Mas, quando esse comportamento faz o profissional tomar uma medida extrema, como fazer uma falta boba e ser expulso no primeiro tempo, ou o treinador fazer substituições apenas baseadas na emoção, que prejudicam a equipe, todos criticam o profissional, dizendo que ele precisa ser mais racional.

    Padrão tático ou só uma forma de jogar
    É cobrado, com toda a razão, que uma equipe tenha um padrão tático definido. Quando uma equipe atinge uma forma definida de atuar e consegue uma regularidade isso é enfatizado. Mas, em caso de uma simples derrota, toda essa organização em campo já é questionada e muitos dizem que o time só tem uma maneira de jogar e que é uma equipe gessada.

    Quem está no futebol aprende a viver no fio da navalha e que tudo pode mudar em apenas uma jogada.

    Até a próxima!
    Mais pitacos em: humbertoperon@gmail.com

    DESTAQUE
    Para o meia Alex, do Coritiba, que até aqui é o melhor jogador do Campeonato Brasileiro. Além de toda sua capacidade e inteligência para armar a equipe - a única invicta do torneio -, o jogador está sendo decisivo quando entra na área do adversário e está marcando muito gols. Um pena que um jogador com tantas qualidades como Alex nunca tenha tido as mesmas oportunidades que tantos outros jogadores tiveram para conquistar uma vaga de titular na seleção brasileira.

    ERA PARA SER DESTAQUE
    Já existe a suspeita de que clubes preferem a eliminação da Copa do Brasil para disputar a Copa Sul-americana. A justificativa é que o torneio continental seria caminho mais fácil para se conquistar uma vaga para a próxima Copa Libertadores. O que está muito longe de ser verdade. Não custa lembrar que nossas equipes têm tido dificuldades quando enfrentam qualquer time médio da América do Sul. Também não se pode esquecer que o campeão da Copa Sul-americana entra apenas na fase que muitos chamam de pré-Libertadores, enquanto o vencedor da Copa do Brasil já ganha um lugar direto fase de grupos.

    humberto luiz peron

    Escreveu até dezembro de 2013

    É jornalista esportivo, especializado na cobertura de futebol, editor da revista "Monet" e colaborador do diário "Lance".

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